Fotos: Celso Garcia/Farol de Notícias

Publicado às 06h11 desta sexta-feira (28)

A Câmara Municipal de Vereadores de Serra Talhada esteve lotada nesta quarta-feira (26). Professores e demais servidores, como auxiliares de creche, auxiliares de serviços gerais, auxiliares de sala e demais servidores estavam revoltados e insatisfeitos com a proposta da prefeita de Serra Talhada e da presidente da  Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Márcia Conrado. 

O Farol de Notícias acompanhou a discussão da assembleia e ouviu a vice-presidente do Conselho do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e alguns profissionais da educação que lutam pelo reajuste salarial da categoria após quatro anos de congelamento, uma situação que faz com que os profissionais trabalhem por menos de um salário mínimo. 

A última proposta comemorada pela gestora, na terça-feira (25), de um reajuste de 5,46% mais um valor de R$ 176,00 para auxílio transporte, não agradou os professores e deixou os ânimos agitados de quem esperava mais atenção do atual governo municipal. O acréscimo para o transporte, segundo os servidores, não tem justificativa e não seria permanente, não servindo para o plano de cargos e carreiras da categoria. 

Vanessa Souza, 29 anos, vice-presidente do Conselho do Fundeb

“Estamos aqui na Assembleia e desde ontem estamos passando por esse momento de imoralidade com a educação de Serra Talhada. Sou vice-presidente do Fundeb e estou acompanhando o que está entrando e o que está saindo no município e o que a gente tem para repassar.  Os repasses do Fundeb até o dia 11/04 chegaram a aproximadamente R$ 28 milhões, lembrando que ainda há os finais do mês de abril, que possivelmente será encerrado no dia 30 com R$ 32 milhões. 

Continuando nessa média, ao final do ano, em dezembro,a expectativa é de mais R$ 96 milhões, valor mais do que suficiente para pagar o reajuste salarial e ainda dar os 15% dos professores, que é uma lei federal do piso salarial que está sendo rasgada pela prefeitura municipal de Serra Talhada, e ainda teria perspectivas de sobra para rateio, mas infelizmente assim como vem acontecendo desde o início desta gestão  que aí está, todos os anos, os direitos dos professores têm sido jogados no lixo. Vamos pedir que a gestão tenha um olhar mais atento aos professores e comece a respeitar os servidores, pois se o lema é ‘Cuidando de você’, então vamos começar a olhar primeiro para o servidor. 

Isso é imoral, porque a proposta de 5,46% já havia sido recusada na Assembléia e mais uma vez o governo insiste e permanece em insistir que essa proposta seja aceita, sendo que já recusamos. Segundo fontes não oficiais, esse auxílio de R$ 176,00 seria o exemplo do auxílio internet na pandemia, é apenas uma bonificação que não tem previsão de permanência, é apenas uma previsão de que vai ficar por apenas algum tempo no salário do profissional, não servindo para permanecer na carreira do professor e de todas as outras categorias, então estamos aqui para lutar e não vamos desistir”.

Edisia Mourato, 51 anos, auxiliar de serviços gerais

“Eu estou indignada, isso é uma imoralidade, um desrespeito com a nossa categoria, porque há quatro anos que a gente não teve um reajuste salarial decente. A gente trabalha todos os dias para dar o melhor. Ela [Márcia Conrado] deveria ter mais respeito, já que ela diz que cuida do povo, então ela tem que cuidar da classe da educação, ou seja dos servidores públicos. Eu sei que ela já passou por uma sala de aula, que ela já foi estudante. Agora ela se acha porque é a gestora do município, mas ela tem que ver que todos os dias estamos lá dando o nosso melhor; então é uma vergonha, uma imoralidade ela vir com esse reajuste. Há quatro anos que a gente está trabalhando para valer, sem direito de tirar uma licença premium. Estando doente ou não a gente tem que ir, e isso não é justo, estamos indignados!”.

Miss Lane, 44 anos, auxiliar de sala

“Estamos sem reajuste desde 2020. Nossa categoria só atinge o salário mínimo quando existe algum abono, como por exemplo, filho. Quando são retirados os descontos da previdência, esse valor cai. A minha categoria cumpre uma carga horária de 6h diárias e ficamos com um salário de R$ 1.015,00. No meu caso, sou de outro município e preciso me deslocar, esse valor vai lá para baixo. A gente trabalha pela segurança, no meu caso, eu sou efetiva, mas financeiramente, pensando em suprir, sustentar, não dá. A gente precisa recorrer a outros vínculos, a outros meios para complementar a renda, porque a renda que a gente tem hoje não é suficiente para suprir uma casa com filhos.

Não foi uma boa proposta, a proposta não atende ao que nós precisamos, que é o mínimo, infelizmente não atende, não é o ideal. É por isso que a gente precisa se organizar, se envolver, estar junto, porque sabemos que dificilmente iremos conseguir o que estamos pedindo, e por isso existem negociações para chegar num consenso. Eu não sou professora, mas eu sei que não é o ideal, eles [professores] estudaram muito, eles se esforçaram, eles batalharam muito, eles têm pós-graduação, especialização, eles têm uma série de acréscimos no conhecimento deles, de trabalho e estudo diário, então eles mereciam mais do que isso”.