menor-fumando-crack-brasilia-dfA última matéria da série Infância em Risco apresenta nesta quinta-feira (5) os altos índices de crianças e adolescentes usuárias de crack que passam todos os dias pelo Conselho Tutelar. A reportagem trará depoimentos dos conselheiros tutelares com relação à procura de famílias, escolas e denúncias para aconselhamento de menores vítimas do vício do crack no município. 

Na primeira reportagem da série publicada na última terça (3), mostramos o aumento em 14% do uso de maconha entre menores atendidos pelo Caud (relembre). A segunda matéria, na quarta (4), trouxe o aumento de 21% no número de ocorrências policiais envolvendo adolescentes (relembre).

Por Manu Silva // Foto: Manu Silva

Apesar do aumento de 14% nos atendimentos de crianças usuárias de maconha no Centro de Atendimento a Usuários de Drogas (Caud), um cenário ainda mais grave que tem colocado a infância em risco em Serra Talhada é o avanço do crack. O Conselho Tutelar do município, em conversa com o FAROL, explicou que os grandes índices em relação ao crack correspondem não apenas a usuários, mas também ao tráfico envolvendo menores. Somado ao crack, outra mazela que vem afetando, nos últimos meses, meninos e meninas da Capital do Xaxado é a desagregação familiar e o fácil acesso à droga. O alerta é claro: o crack já é um problema de saúde pública por aqui.

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Em 2015, cerca de 70% dos casos atendidos no Conselho Tutelar de Serra Talhada são de usuários de drogas lícitas e ilícitas, como cigarro, bebidas alcoólicas, maconha, crack, tíner e cocaína. Desse total, em média 45% são crianças a partir de 9 anos usuárias da pedra. Segundo a conselheira Iara Nunes, a instituição tem acesso aos casos principalmente através da procura da própria família e escolas. “Todos os dias famílias procuram o conselho para falar de crianças e adolescentes envolvidos com drogas, cerca de 70%. E o problema não é só no centro urbano, os distritos também. As drogas se alastraram”.

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contra-a-violencia-criancasA reportagem do FAROL, conversou com os conselheiros Antônio Alves, Márcia Mery, Daniel Lima, Iara Nunes e Izabel Araújo. Um dado importante se destaca no relato deles. Famílias abastadas de Serra Talhada estão enfrentando dificuldades com crianças e adolescentes, principalmente no abuso do álcool. O que significa dizer que a questão das drogas atinge não só os jovens de comunidades carentes. “A maioria das famílias são de classe média ou baixa, porém existem pessoas de boas condições que têm filhos envolvidos com os mais variados tipos de drogas, mas o crack corresponde a maioria, pelo menos 45% dos casos”, ressaltou Antônio Alves.

RECUPERAÇÃO

 Os conselheiros lamentaram a falta de apoio das famílias na persistência do tratamento dos menores. “Tivemos casos graves aqui, encaminhamentos ao Caud, à Secretaria de Saúde de os adolescentes não quererem ir se tratar. Casos em adolescentes assumiram a boca de fumo dos pais, quando estes foram presos. Eles mesmos dizem: ‘tia, é muito fácil de encontrar e de comprar’. Ou seja, as famílias não incentivam o filho a continuar se tratando, às vezes porque é rico e se sente inferior em contato com pessoas mais simples”, relatam Iara e Izabel Araújo. No entanto, existem histórias de superação.

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Casos positivos foram destacados em relação a menores que deixaram a Capital do Xaxado após traficarem e serem usuários de crack. “Há também casos de recuperação de pais que hoje buscam no Conselho Tutelar para livrar os filhos das drogas. Um caso especial de um jovem que a família nos procurou, fomos até a casa dele e ele quis ir fazer o tratamento de desintoxicação, pediu para ajudá-lo. Tem outro ex-usuário de Serra que hoje trabalha no centro de tratamento como monitor, está lá há 10 meses e não quis voltar, está reconstruindo a vida constituindo família”, finalizou Iara.

Conselheiros tutelares alertam para os altos índices de crianças e adolescentes usuárias e traficantes de crack em Serra Talhada

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