Do RFI

 

A província iraniana do Curdistão está em greve nesta segunda-feira (19) para protestar contra a morte, na sexta-feira (16), de uma jovem mulher após sua prisão pela polícia da “moralidade” do Irã. Desde então, acontecem várias manifestações entre Teerã e Saqqqez, a cidade natal da vítima no Curdistão.

Os eventos aconteceram na última terça-feira (13) quando Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos, foi presa por usar o “véu errado” em Teerã. Ela deixou a delegacia em uma maca, em coma e morreu três dias depois no hospital.

A unidade policial responsável pela aplicação do véu muçulmano obrigatório no país tem sido criticada diversas vezes nos últimos meses por suas intervenções violentas contra mulheres suspeitas de violar o código de vestuário em vigor no país desde a revolução islâmica em 1979.

No sábado (17), em seu funeral em Saqqqez, na província noroeste do Curdistão, as mulheres tiraram seus véus em meio a uma multidão que gritava “Morte à ditadura”.

Do cemitério, a multidão se deslocou em direção ao gabinete do governador local. Os manifestantes atiraram projéteis no retrato do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. O mesmo encontro ocorreu em Sanandaj, a capital da província do Curdistão.

Protestos reprimidos, cabelos cortados e véus queimados

Como em toda manifestação no Irã, a multidão foi violentamente reprimida. De acordo com a organização curda de direitos humanos Hendaw, um total de 38 pessoas foram feridas e 13 foram presas.

Em Teerã, os estudantes também se manifestaram. Nas redes sociais, algumas mulheres postaram vídeos de si mesmas cortando seus cabelos ou queimando seu hijab, o véu islâmico.

Os partidos políticos curdos apelaram para uma greve geral nesta segunda-feira em uma região com tendências pró-independência, particularmente controlada pelo regime.