
Por Folha de Pernambuco
O governo de Israel não cumpriu a ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que em janeiro indicou a necessidade do fornecimento de ajuda urgente aos civis na Faixa de Gaza, afirmou nesta segunda-feira (26) a Human Rights Watch (HRW).
Na ocasião, a CIJ havia declarado que a operação militar no enclave palestino representava um “risco plausível de danos irreversíveis e imediatos à população”, e determinado que o Estado judeu tomasse todas as medidas em seu poder para evitar violações da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio, de 1948.
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As exigências do principal tribunal da ONU ocorrerem em resposta preliminar a uma petição sul-africana que acusou Israel de genocídio. Segundo a HRW, no entanto, o governo israelense não aderiu à ordem da CIJ, e o número médio de caminhões de ajuda humanitária que entram diariamente em Gaza diminuiu 30%.
Programa Mundial de Alimentos
O órgão afirmou que as entregas de combustível para o norte do enclave não estavam sendo facilitadas. Na última semana, o Programa Mundial de Alimentos declarou que foi forçado a suspender as doações na região devido ao aumento dos combates e das multidões famintas que têm saqueado os comboios.
“Israel continua a obstruir a prestação de serviços básicos e a entrada e distribuição de combustível e ajuda humanitária em Gaza, atos de punição coletiva que equivalem a crimes de guerra e incluem o uso de inanição de civis como arma de guerra. Menos caminhões entraram em Gaza, e menos missões de ajuda foram permitidas para chegar ao norte de Gaza nas várias semanas desde a decisão do CIJ do que nas semanas anteriores, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)”, disse a HRW.
Ofensiva em Rafah seria “prego no caixão”
Nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que uma ofensiva israelense em Rafah, onde o país deseja estender seus ataques terrestres, seria uma “sentença de morte” para os programas de ajuda na Faixa de Gaza, onde o auxílio para a população continua sendo “completamente insuficiente”. Ele declarou que a situação “não apenas seria aterrorizante para mais de um milhão de civis palestinos refugiados lá”, mas “colocaria o último prego no caixão dos nossos programas de ajuda”, e reiterou seu apelo “a um cessar-fogo humanitário e à libertação imediata de todos os reféns”.
“Nada pode justificar os assassinatos, ferimentos, torturas e sequestros deliberados de civis por parte do Hamas, o uso da violência sexual ou o lançamento indiscriminado de foguetes contra Israel” disse Guterres, acrescendando que “nada justifica a punição coletiva do povo palestino”. A principal agência de ajuda da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, também pediu ações para evitar a fome no território.
Segundo a HRW, as autoridades israelenses têm usado a inanição como arma de guerra, bloqueando deliberadamente a entrega de água, comida e combustível.