Do Diario de Pernambuco

Foto: Jack Guez/AFP

Israel vivia nesta quinta-feira (13) uma escalada da violência em duas frentes, com a intensificação dos bombardeios na Faixa de Gaza e os distúrbios nas cidades habitadas por judeus e árabes em seu território.

Pouco depois da meia-noite, os alertas de foguetes foram acionados no sul do país, mas também na metrópole de Tel Aviv, pela primeira vez desde o início da escalada na segunda-feira, assim como na região norte. Todos os voos com destino ao aeroporto internacional desta cidade foram desviados até novo aviso. Durante a madrugada, cinco pessoas ficaram feridas na explosão de um projétil que caiu em um complexo residencial de Petaj Tikva, perto de Tel Aviv.

Ao mesmo tempo, a aviação israelense bombardeou posições do Hamas na Faixa de Gaza – território palestino com dois milhões de habitantes sob bloqueio de Israel -, incluindo locais relacionados com operações de “contraespionagem” do grupo islamita e a residência de Iyad Tayeb, um dos comandantes do movimento.

O grupo islamita anunciou na quarta-feira a morte do comandante de seu braço militar para a cidade de Gaza, a principal do território palestino. O serviço de inteligência israelense informou que outros dirigentes do Hamas morreram nos bombardeios.

A aviação israelense destruiu um edifício de mais de 10 andares que abrigava os escritórios da rede de televisão palestina Al Aqsa, criada pelo Hamas.

O balanço mais recente do conflito registra 67 mortes em Gaza, incluindo 17 menores de idade, e quase 400 feridos.

“Em represália pelo ataque contra a torre Al Shoruk e a morte de um grupo de dirigentes”, o Hamas lançou na quarta-feira à noite mais de 100 foguetes contra Israel. Muitos foram interceptados pelo sistema antimísseis Cúpula de Ferro.

Desde o início da semana, Israel foi alvo de mais de 1.500 projéteis, que deixaram sete mortos, incluindo um menino de seis anos, e centenas de feridos em pouco mais de dois dias. Com a intensificação dos combates, o Conselho de Segurança da ONU terá uma nova reunião na sexta-feira, a terceira em uma semana.

Durante as duas primeiras videoconferências, os representantes dos Estados Unidos não aceitaram uma declaração conjunta para pedir o fim dos confrontos, por considerá-la “contraprodutiva” neste momento, segundo fontes diplomáticas.

Washington, no entanto, anunciou o envio de um emissário a Israel e aos Territórios Palestinos ocupados para estimular uma “desescalada”, enquanto Moscou pediu uma reunião do Quarteto para o Oriente Médio (UE, Rússia, EUA, ONU).

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que conversou por telefone com o presidente americano, Joe Biden, disse que pretende “seguir” bombardeando para enfraquecer a capacidade militar do Hamas.

O presidente palestino, Mahmud Abbas – que está na Cisjordânia, cenário de protestos, distúrbios e ataques contra as forças israelenses que deixaram três mortos na terça-feira -, conversou com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, para pedir que ajude a obter o “fim dos ataques israelenses”. Blinken expressou a “necessidade de acabar com os ataques de foguetes e reduzir as tensões”.

A situação na Esplanada das Mesquitas, onde a violência começou na semana passada, parecia mais calma nesta quinta-feira, mas várias cidades de Israel registram distúrbios noturnos.

Militantes de extrema-direita saíram às ruas em todo o país e provocaram confrontos com as forças de segurança e, em alguns casos, com árabes israelenses. Incidentes violentos foram registrados em várias cidades, em particular, Lod, Acre e Haifa.

O país ficou abalado com a transmissão, ao vivo pela televisão, do linchamento de um homem, considerado árabe por seus agressores, perto de Tel Aviv.

As imagens mostram um homem que foi retirado à força de seu veículo e chutado no chão por uma multidão, até perder a consciência. “O que está acontecendo nos últimos dias nas cidades de Israel é insuportável (…) nada justifica este linchamento de árabes pelos judeus e nada justifica o linchamento de judeus pelos árabes”, declarou Benjamin Netanyahu, antes de afirmar que Israel enfrenta um “combate em duas frentes”.