Do G1

Israel registrou oito casos de uma variante do coronavírus identificada pela primeira vez na Índia e acredita que a vacina da Pfizer/BioNTech é parcialmente eficaz contra a mutação, afirmaram autoridades de saúde israelenses nesta terça-feira (20).

Sete casos da variante indiana foram detectados em Israel na semana passada, em pessoas que chegaram do exterior e foram testadas, informou o Ministério da Saúde. Um caso já havia sido registrado anteriormente.

“A impressão é que a vacina Pfizer tem eficácia contra ela, embora com eficácia reduzida”, disse o diretor-geral do ministério, Hezi Levy, à rádio pública de Kan.

O Reino Unido e a Irlanda disseram estar investigando a variante indiana, após detectá-la dentro de suas fronteiras. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelou uma visita que faria à Índia, e os Estados Unidos recomendaram que todas as viagens ao país sejam evitadas.

Índia está passando por uma grave segunda onda de Covid-19, com recordes diários de novos infectados, hospitais lotados e falta de leitos, remédios e oxigênio. O país registrou nesta terça um recorde de mortes e mais de 200 mil casos pelo 6º dia seguido.

Sucesso da vacinação em Israel

Israel, que tem 9,3 milhões de habitantes, tem a vacinação contra a Covid-19 mais avançada do mundo.

O país já vacinou totalmente cerca de 81% de seus cidadãos ou residentes com mais de 16 anos, e as infecções e hospitalizações por Covid-19 diminuíram drasticamente.

No domingo (18), Israel suspendeu a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre.

“O índice de infecção está muito baixo em Israel graças ao sucesso da campanha de vacinação, por isso é possível suavizar as medidas”, afirmou na ocasião o ministro da Saúde, Yuli Edelstein.

Explosão de Covid na Índia

A Índia relatou nesta terça-feira (20) o seu pior número de mortes em 24 horas desde o início da pandemia e o sexto dia seguido com mais de 200 mil novos casos de Covid-19.

O Ministério da Saúde indiano divulgou 1.761 novos óbitos, elevando o número de vítimas para 180.530 no país, embora especialistas acreditem que o número real de mortes causadas pelo novo coronavírus sejam muito maiores do que a contagem oficial.

Várias cidades importantes já estão relatando um número muito maior de cremações e enterros feitos sob os protocolos do novo coronavírus do que o número oficial de mortes, segundo trabalhadores de crematórios e cemitérios, a imprensa local e uma revisão dos dados do governo indiano.

Oficialmente, a Índia é o segundo país com mais casos confirmados de Covid-19 do mundo (15,3 milhões), atrás apenas dos EUA (31,7 milhões), e o quarto em número de mortes (180 mil), depois de EUA (567 mil), Brasil (374 mil) e México (212 mil).

O país registrou 259.167 novos casos nas últimas 24 horas, e chegou a 1,63 milhão de infectados em apenas sete dias (30% de todos os 5,44 milhões registrados no mundo no período).

Governo indiano ‘baixou a guarda’

O segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, está lutando contra sua maior emergência de saúde pública desde o início da pandemia, após o governo indiano “baixar a guarda”.

No final de janeiro e começo de fevereiro, estava registrando menos de 10 mil infectados e cerca de 100 mortes por dia. No início de março, o ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, chegou a declarar que o país estava na “fase final” da pandemia.

Agora, o governo indiano agora culpa o desrespeito ao distanciamento social e o não uso de máscaras como causas para o surto.

“O país baixou a guarda muito cedo. As pessoas voltaram a se comportar como antes da pandemia e ninguém advertiu”, afirma o virologista T. Jacob John. “A segunda onda está se propagando muito mais rápido que a primeira”.

Hospitais e crematórios lotados

A explosão de casos tem feito pessoas lutar por leitos, remédios e oxigênio nos hospitais, e médicos dizem que a escassez de insumos inevitavelmente levará a mais mortes.

“A enorme pressão sobre os hospitais e o sistema de saúde agora significará que um bom número de pessoas que teriam se recuperado se tivessem acesso aos serviços hospitalares podem morrer”, afirma Gautam I. Menon, professor da Universidade Ashoka.

No estado de Gujarat, onde nasceu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, os crematórios estão recebendo muitos mais corpos que os relatados nos balanços locais de mortos por Covid-19.

“Dois de nossos fornos não estão operacionais porque suas estruturas estão derretendo e os queimadores de gás estão ficando congestionados, porque os fornos estão sendo utilizados o tempo todo”, disse Prashant Kabrawala, diretor do crematório de Surat, a principal cidade de Gujarat.