O jornal francês Le Monde traz em sua edição deste sábado uma reportagem intitulada “La favela olympique” (em português: favela olímpica), onde critica fortemente o estado das instalações feitas para a realização dos jogos olímpicos em agosto de 2016, no Rio de Janeiro, que em menos de seis meses se encontram em total abandono e decadência, como o caso do estádio do Maracanã.

O diário descreve o caso de uma moradora de Deodoro, que recebeu com desconfiança a notícia sobre as obras para a Olimpíada e seu legado para a cidade. Claudia Paula Santos disse ao Monde que custou a entender quais os benefícios dos Jogos Olímpicos para sua popular vizinhança e hoje sabe que não existe nada que possa dizer de bom, a não ser que tenha visto de longe algumas atividades e acrescenta que as autoridades nunca se importaram mesmo com o bem-estar de quem vive a mais de 45 minutos de Copacabana.

Em seguida, Claudia conta ao Le Monde que sua avó, residente da favela do Muquiço, confessa que foi seduzida pelo discurso do ex-prefeito, Eduardo Paes.

“Ele prometeu transformar o parque onde se realizaram as provas de canoagem em um centro de lazer aquático”, repetia a senhora para a família.

Seis meses após a cerimônia de encerramento em 21 de agosto de 2016, o que elas sentem é revolta e indignação, afirma o noticiário. Desde dezembro, o parque de Deodoro está fechado com uma placa onde se lê: “reabriremos em janeiro.” Estamos em março e as portas continuam fechadas. Por trás das grades pode-se ver a lenta degradação de um lugar abandonado. “Dinheiro jogado no lixo”, desabafa a desempregada de 41 anos Claudia Santos.

A publicação destaca o estado do Parque Olímpico, a cerca de 20 km de um dos bairros mais exclusivos da cidade, também chamada de “Miami do Rio”, que tem piscinas cheias de lixo, larvas de mosquitos e lama e lamenta profundamente o descaso com o “mítico”  Maracanã, que sediou a final da Copa do Mundo de 2014, assim como as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e agora tem sua grama amarelada, seca como feno, cadeiras furadas, e sua luz foi cortada por falta de pagamento.

Do Jornal do Brasil