Foto: Reprodução / Facebook

Publicado às 05h09 desta quinta-feira (5)

Revoltados com a falta de incentivo e promoção da cultura junina em Serra Talhada, os componentes quadrilha Junina Sem Limites partiram para o embate direto em busca de apoio municipal para garantir a participação do grupo em competições. Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Vereadores desta segunda-feira (2) os parlamentares ouviram o desabafo e as reclamações dos produtores culturais.

A quadrilha conta com 80 membros, 46 dançarinos, costureiras e produção. Em 2018, o espetáculo se intitula ‘A Dona da Corte’, que contará a história da rainha negra do Brasil esquecida por muitos, a Chica da Silva.

O corajoso estudante e bailarino, Gustavo Inácio, subiu ao púlpito e questionou olhando para os vereadores, “vocês sabem o que é o São João?” e continuou:

“Para muitos é apenas uma data católica, mas São João é a crença de um povo, é a arte de uma sociedade, é a história do povo Nordestino. O São João somos nós que desde o mês de outubro criamos espetáculos. Oito horas de ensaio por semana para poder termos a chance de levar o nome da nossa cidade. Pedimos contribuições nos sinais e muitas moedas ajudam mais que o município. É uma vergonha chegar o São João e o município contribuir com R$ 500 em um espetáculo que custa R$ 42 mil”, reivindicou.

RESISTÊNCIA

Além da quebra da tradição junina na cidade, o estudante chamou a atenção para o fim do legado de mais de 50 quadrilhas que existiam na cidade há cinco anos, atualmente resistem nove. Os quadrilheiros precisam de ajuda para ir se apresentar em Arcoverde e Caruaru, já que Serra Talhada não há mais espaço.

“A Quadrilha Junina Sem Limite não é apenas a quadrilha do Centro, é da cidade. Temos pessoas de todos os bairros, desde o Vila Bela, Cohab, Borborema. O espetáculo é uma bandeira do povo negro, contra o machismo, e contra a LGBTFobia, onde a gente vai trazer pela primeira vez na história da cidade uma noiva homossexual. Há cinco anos atrás nós tínhamos mais 50 quadrilhas em Serra Talhada, agora só temos 9”, falou com indignação.

REAÇÃO

A reação dos vereadores, em particular da oposição, foi imediata. O líder da Oposição, Antonio de Antenor, disse que a Prefeitura de Serra Talhada ‘só pensa em xaxado e Lampião’ e não apoia as culturas que estão se destacando e resistindo na periferia.

“Aqui só se se fala em xaxado, xaxado e Lampião, só isso. É lamentável”, disparou Rosimério de Cuca. Dedinha Inácio foi no mesmo tom. “Só tem dinheiro e ajuda para xaxado e Lampião. Serra Talhada é muito mais do que isso”, sintetizou.