Fotos: Farol de Notícias / Celso Garcia

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Serra Talhada é repleta de grandes artistas e nomes que fazem a história do Sertão do Pajeú ter ganhado o mundo. Na década de 1960, um jovem serra-talhadense já se aventurava pelas esculturas moldando minúcias com cera de abelha. Depois foi nas telas que consagrou imagens surpreendentes, todas as gerações serra-talhadenses já cruzaram com uma obra abstrata ou uma paisagem de Juraci Jusée, seja em um prédio público ou nas capas de grandes obras literárias da cidade.

A reportagem do Farol de Notícias esteve em sua casa ateliê, no bairro AABB, ainda no final de setembro. Fomos recebidos com uma enxurrada de referências, simpatia e um tour especial pelas fases artísticas de Juraci. Um colecionador de mão cheia, é amante da boa música e do cinema. O primeiro cômodo de sua casa é dedicado inteiramente aos seus milhares de CDs e DVDs. Vimos de tudo, de animes a clássicos do cinema antigo. Coleciona de Renato e Seus Blue Caps até Gal Costa.

SALA DOS QUADROS

Seguimos pela sala que é decorada com seus primeiros quadros, pinceladas coloridas de amor às paisagens que viu e viveu na capital pernambucana e ao amor que aprendeu a nutrir pelo animais. Seu lado ‘petfriendly’ tem um capítulo especial na vida, inspirado em sua principal musa – o fenômeno das telonas Brigith Bardot. Essa história merece uma citação do próprio artista.

“Desde jovem gostei muito de cinema, e antigamente tinham aquelas revistas que falavam dos artistas e minha mãe estava lendo uma e eu vi a imagem daquela mulher maravilhosa. Eu perguntei quem era e ela me mostrou, eu fiquei completamente apaixonado, ela era belíssima. Passei a ver tudo sobre ela e criei um amor incondicional por ela. Hoje nas redes sociais vejo o trabalho dela com os animais, e me inspirei. Não faço mais arte, me dedico a causa animal, assim como ela”, explicou.

VIAGENS PELO MUNDO 

Na sala seguinte a imersão varia entre a cultura pop de sua paixão por Brigith, tecnologia e Coca-Cola – expressa especificamente em sua geladeira – com os souvenires que trouxe de lembrança das inúmeras viagens que fez pelo mundo. De acordo com Juraci, muitas de suas viagens foram motivadas pela vontade de conhecer de perto os lugares que tanto falava em suas aulas.

Dezenas de adolescentes que estudaram na Imaculada Conceição, no Colégio de Aplicação e na Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada tiveram a oportunidade de ouvir suas passagens por países incríveis como Portugal, Inglaterra, França, Grécia, Estados Unidos, Índia e Egito. Com muito cuidado, tivemos a oportunidade de pegar nas mãos um escaravelho. Me senti viajando para dentro do set de filmagem da Múmia ou de um dos longas de Indiana Jones.

CELEBRAÇÃO DA VIDA 

Cada objeto tem uma carga imensa de cultura e conhecimento que o artista, professor e ativista da causa animal carrega consigo. Enquanto vasculhamos com os olhos todos os artigos de Jusée, ele também contou sobre seus anos trabalhando com jornalismo em Recife, das reuniões políticas que participou e lhe custou uma conversinha de pé de orelha com a polícia na Ditadura Militar, e a polêmica de esculturas de sua autoria de Lampião e Maria Bonita na praça.

A visita de uma hora e meia não seria suficiente para resumir os quase 70 anos de vida de um dos maiores artistas plásticos da capital do xaxado. Terminamos a conversa com uma latinha de Coca-Cola gelada na varanda decorada com influências greco-romanas e um incenso aceso emanando boas energias. Nosso fotógrafo saiu com um mimo em formato de lente de câmera, parecendo um pintinho no lixo. Já essa jovem senhora redatora encantada com a possibilidade do mundo em Serra Talhada, sem falar no desafio de resumir a grandeza de Juraci Jusée em poucas linhas.