A Justiça vai investigar o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e funcionários de seu governo por supostas irregularidades na concessão de rotas aéreas à empresa Avianca. A decisão foi comunicada nesta quarta-feira (1º) pelo promotor, horas antes de Macri comparecer perante o Congresso para fazer um balanço de seu primeiro ano no poder. De acordo com o promotor Jorge di Lello, a empresa aérea colombiana teria sido favorecida porque tinha vínculos com o grupo chefiado pelo empresário Franco Macri, pai do presidente.

No discurso, Macri prometeu medidas para combater a corrupção e garantir a transparência na concessão de obras publicas. Entre elas, um projeto de lei de “responsabilidade empresarial” e decretos, estabelecendo mecanismos claros para separar os interesses públicos dos privados. O presidente, que assumiu em dezembro de 2015 com a promessa de um governo “transparente”, já foi acusado pela Justiça de beneficiar a empresa Correo Argentino – que pertencia ao seu pai e tem uma divida com o Estado.

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Franco Macri obteve a concessão para administrar a empresa de correio em 1997, mas ela foi revogada em 2003, quando a empresa, endividada, voltou às mãos do Estado. A Justiça estima que a divida do Correo Argentino com o Estado some 300 milhões de pesos (US$ 19 bilhões). Nunca houve acordo entre as duas partes para renegociar o débito até que, em 2016, o governo aceitou a proposta feita pela Sociedade Macri (Socma), de Franco Macri.

Acusado de ter negociado uma proposta demasiadamente generosa, que perdoaria boa parte da dívida, Mauricio Macri voltou atrás. O governo, no entanto, insiste que o acordo permitia ao Estado resolver um conflito e arrecadar dinheiro.

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“O erro do governo foi não ter percebido que essa questão é politica, não técnica. Especialmente em ano de campanha para as eleições legislativas de outubro”, disse o analista político Rosendo Fraga em entrevista a Agência Brasil.

Macri admitiu publicamente ter cometido um erro que levantou suspeitas sobre a política de transparência de seu governo. No discurso ao Congresso, ele prometeu estabelecer regras claras para impedir “conflitos de interesse” no futuro. Ele mencionou ainda a necessidade de combater a corrupção na concessão de obras públicas.

A Argentina esta entre os países afetados pelo escândalo do Grupo Odebrecht. A empreiteira brasileira teria pagado US$ 35 milhões a funcionários argentinos para assegurar contratos de obras publicas entre 2007 e 2015. Apesar de as acusações se referirem ao governo da ex-presidente Cristina Kirchner, existem suspeitas do envolvimento de um primo de Macri, Ángelo Calcaterra, e do atual chefe da Agencia Federal de Inteligência argentina, Gustavo Arribas.

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O nome da Odebrecht não foi citado por Mauricio Macri, mas ele defendeu a “ética e a transparência”, tanto do setor publico como das empresas privadas, e a necessidade de a Justiça investigar a corrupção.

A ex-presidente Cristina Kirchner está sendo investigada por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e favorecimento de empresários amigos na concessão de obras publicas. Ela lidera a Frente para a Vitoria, da oposição, que vai disputar com a coligação de partidos governistas as eleições legislativas de outubro.