É difícil visualizar Kurt Cobain aos 50 anos, que ele completaria neste 20 de fevereiro, não é? Por isso, tentamos conjecturar como o vocalista, guitarrista e principal compositor do Nirvana estaria hoje, se tivesse sobrevivido a si mesmo, quando deu um tiro de espingarda na própria cabeça no dia 5 de abril de 1994, encerrando sua trajetória neste planeta com parcos 27 anos. O Nirvana estaria junto? Para quem opinou, era bem difícil continuar. E o que ele se tornaria, um roqueiro velho e cansado, um recluso ou partiria para outra forma de expressão artística?

O crítico musical do Jornal do Commercio, José Telles, sequer acredita que, por quem era Cobain, haveria alguma chance de ele chegar a meio século. “Ele era tão autodestrutivo que se não morresse aos 27 anos, talvez morresse aos 28, 29”, avalia. Vencida essa possibilidade, o jornalista não via futuro de o Nirvana sobreviver junto com seu líder.

Para Telles, o vício em heroína e os problemas pessoais de Kurt o colocariam em carreira solo. “Os outros caras não teriam aguentado. Quando se entra muito pesado nas drogas, o cara se torna insuportável”. Algo que ele compara com Jim Morrison e os Doors. Quando Jim morreu em 1971 já havia deixado bem claro aos companheiros que a banda era coisa do passado e ele se dedicaria à literatura.

Nessa possível nova carreira, o crítico musical vislumbraria um estilo de música menos barulhento que punk/pop/grunge que fez a fama do trio no inicio dos anos 1990. “Acho que ele teria evoluído, pois era um grande compositor. Acho que estaria num estilo mais suave. Muitos dos compositores principais das bandas daquela época seguiram carreira solo”, aponta. Outra faceta que o músico poderia ter desenvolvido seria o envolvimento com causas sociais ou ecologicas. “Ele era um cara muito sensível, poderia ter se tornado um roqueiro engajado”.

O músico pernambucano Ricardo Chacon, vocalista da S.Ou.S e do Bailinho Maravilha também vai nessa hipótese. Para ele, a maturidade traria mais diversificação musical e também no teor das letras. Na juventude, Kurt abusou da raiva e da frustração. Um Kurt cinquentão talvez tivesse deixado isso para trás. “Com a idade, a pegada rock estaria mais madura, assim como suas letras. Com menos ódio, depois de superadas as frustrações da fase pós separação dos pais, o que foi bastante significativa pra sua obra. Já teria superado, eu acho, hoje em dia. Isso muda muita coisa. Boas melodias surgiriam. Letras menos carregadas de frustrações.

Leia mais no NE10