miro2aUm leilão de 28 obras do pintor catalão Joan Miró realizado nesta quinta-feira (19) em Londres em prol de refugiados arrecadou 47,6 mil libras (62 mil euros), anunciou a leiloeira Christie’s. A soma, que superou as estimativas, será entregue à Cruz Vermelha. O antigo proprietário das obras, o neto do artista, explicou à agência de notícias francesa AFP, antes do leilão, que tinha decidido doar esta coleção atendendo a um desejo de Miró. “Me considero o executante da sua vontade e desejo fazer o que ele mesmo teria feito se ainda fosse vivo”, disse Joan Punyet Miró.

“Miró sofreu muitas provações na sua vida. Conheceu a fome, o exílio durante a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, e conheceu a desolação dos campos de refugiados”, destacou o neto. Exilado em Paris durante a Guerra Civil de Espanha, entre 1936 e 1939, Miró, simpatizante republicano, acompanhou de perto o destino dos refugiados espanhóis fugidos ao regime de Franco.

“Ele sempre quis ajudar as pessoas desfavorecidas, os refugiados e os exilados. Se ainda fosse vivo, consideraria que o que hoje se passa na Síria poderia acontecer amanhã em Espanha”, disse ainda o neto do pintor. Desde o início do conflito na Síria, em 2011, mais de 4,8 milhões de refugiados fugiram do país, contribuindo para a mais grave crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.

Segundo a ONU, há cerca de 60 milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas em todo o mundo. Miró, que morreu em 1983, aos 90 anos, tinha razões pessoais para estar grato à Cruz Vermelha: um médico da organização humanitária internacional salvou a perna da sua filha, mãe de Joan Punyet Miró, quando ela ficou gravemente ferida num acidente, em 1965.

“Meu avô fez uma tapeçaria para a Cruz Vermelha como agradecimento por ter salvado a filha, sua única descendente”, disse o neto do pintor catalão.

Do Jornal do Brasil