Do JC Online

Em 2017, o presidente Donald Trump assinou uma diretriz ordenando que a NASA voltasse à Lua, como primeiro passo antes de Marte, apoiando-se no setor privado

A NASA também anunciou em dezembro que escolheu nove empresas privadas para construir trens de pouso e entregar equipamentos na Lua

Cinquenta anos depois dos primeiros passos do homem na Lua, a superfície do nosso satélite natural volta a despertar interesse para projetos de exploração espacial.

A China se lançou pesadamente nesta empreitada, fazendo pousar na quinta-feira um módulo de exploração na face oculta e ainda inexplorada da Lua, uma novidade mundial que confirma seu status como potência espacial.

O país já havia enviado no final de 2013 a sonda Chang’e-3 (ainda em operação), que havia implantado um robô motorizado Yutu (Coelho de Jade) no lado visível da Lua.

A sonda Chang’e-4 pousou na Bacia de Aitken. Equipado com vários instrumentos, especialmente europeus, seu robô móvel Yutu-2 já começou a se locomover. “Seja como for, o que quer que os chineses descubram, o impacto científico será importante”, estima Michel Viso, da agência espacial francesa Cnes.

A China pretende continuar no ritmo e prepara o Chang’e-5, uma missão de retorno de amostras lunares, programada para o ano corrente de 2019.

Até agora, apenas três países conseguiram pousar na superfície da Lua, a cerca de 384 mil quilômetros da Terra: Rússia, Estados Unidos e China. E 12 astronautas americanos pisaram em seu solo em seis missões entre 1969 e 1972.

A Índia espera se unir a este clube restrito enviando em breve a missão Chandrayaan-2, que incluirá uma sonda, um módulo de exploração indiano e “um mini-robô europeu construído na Holanda”, segundo Bernard Foing, astrofísico da Agência Espacial Europeia (ESA).

A missão deve ser lançada pela Agência Espacial da Índia em fevereiro, de acordo com esse especialista, diretor do Grupo de Trabalho sobre Exploração Lunar Internacional (ILEWG). A Índia enviou uma primeira missão Chandrayaan-1 em órbita ao redor da Lua em 2008.

“Aldeia robótica”

Israel também espera entrar na corrida, com uma sonda Beresheet de 150 kg fabricada pela empresa privada israelense SpaceIL, uma das finalistas na competição internacional Google Lunar X Prize (GLXP).

As equipes em competição deviam fazer um robô móvel antes de 31 de março de 2018. A competição terminou sem vencedor e sem um prêmio final. Mas o SpaceIL continuou o desafio. Seu robô deve ser lançado em fevereiro por um foguete Falcon 9 da empresa americana SpaceX.

“O objetivo da missão é mostrar que Israel é capaz de enviar à Lua um robô móvel, depositar cargas científicas e culturais”, explicou Foing.

“O ano de 2019 será crucial para a exploração lunar”, diz ele. Depois das missões em órbita ao redor da Lua dos anos 2000, damos um novo passo. “Este é o começo de uma aldeia robótica na Lua, com equipamentos lançados por novos países e diferentes tipos de atores, incluindo comerciais”.

O Japão planeja enviar uma pequena sonda lunar, chamada SLIM, para estudar uma área vulcânica específica em solo lunar entre 2020-2021.

Por sua vez, a Rússia continua a trabalhar na missão robótica Luna 27, que deve explorar as geleiras do polo sul, com uma participação europeia, nos próximos anos.

“Oitavo continente”

Os Estados Unidos, que estão se preparando para celebrar os primeiros passos de Neil Armstrong e Buzz Aldrin na Lua em 20 de julho de 1969, também planejam o futuro de sua exploração lunar.

Em 2017, o presidente Donald Trump assinou uma diretriz ordenando que a NASA voltasse à Lua, como primeiro passo antes de Marte, apoiando-se no setor privado.

Um programa muito avançado, a espaçonave americana Orion, fabricada pela Lockheed Martin e para a qual a Europa fornece o módulo de serviço, deve fazer um voo automático por volta de 2020 em torno da Lua.

Depois, deverá levar quatro astronautas em 2023 para uma viagem de ida e volta de oito dias em volta do nosso satélite.

A NASA também anunciou em dezembro que escolheu nove empresas privadas para construir trens de pouso e entregar equipamentos na Lua, para onde os americanos querem enviar astronautas em uma década.

“É o oitavo continente” da Terra, considera Bernard Foing. “Podemos desenvolver ciência, tecnologia, cooperação internacional, usar seus recursos, inspirar o público e os jovens com empregos a serviço da humanidade”, diz o astrofísico.