Do RFI

 

A contagem de votos em Paris, único local de votação para os eleitores brasileiros na França, terminou um pouco antes das 20 horas pelo horário local (15h em Brasília) neste domingo (2). O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, venceu com 77,5% dos votos. O presidente Jair Bolsonaro chegou logo depois com 13,7% dos votos.

Por Paloma Varón e Daniella Franco

 

Os resultados são extraoficiais e devem ser confirmados ainda neste domingo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No total, em Paris, 7.520 eleitores votaram em Lula e 1.335 em Bolsonaro. Votos nulos e brancos somaram 161 (1,6%).

A vitória de Lula em Paris não foi uma surpresa. Desde antes da abertura do local de votação, no 9° distrito da capital francesa, muitos eleitores vestidos de vermelho faziam a fila. Os simpatizantes de Bolsonaro, que tradicionalmente se vestem de verde e amarelo, eram minoria.

Em 2018, no primeiro turno da eleição presidencial, Ciro Gomes venceu em Paris com 31,11% dos votos e Haddad fica em segundo lugar com 25,8%. No segundo turno, o candidato do PT chegou em primeiro lugar, com 69,45% dos votos. Jair Bolsonaro, na época filiado PSL, ficou com 30,55%.

 

Mais de três horas de espera

Eleitores brasileiros que moram em Paris e em diversas cidades francesas aguardaram até três horas na fila para poder entrar no Espace La Rochefoucauld, no centro-norte da capital. O local foi alugado pelo Consulado-Geral do Brasil em Paris para receber 22.629 eleitores inscritos neste ano – um aumento de mais de 100% em relação à última eleição.

A espera foi grande e várias ruas do 9° distrito foram bloqueadas pela polícia francesa para que os brasileiros pudessem aguardar em segurança. Durante a tarde, uma forte chuva caiu, mas os eleitores permaneceram na fila.

Antes das 17h do horário local (meio-dia em Brasília), senhas foram distribuídas para a garantia de acolhimento de todos os votantes. Os últimos eleitores votaram por volta das 18h20 de Paris (13h20 em Brasília).

O músico Zaca Zuli foi um dos últimos a votar em Paris. Ele contou à RFI que esperou quase três horas na fila, mas manteve o bom humor: “Votei com muita alegria”.

A brasileira Ísis Oliveira votou por volta das 18h15 de Paris (13h15 em Brasília) depois de aguardar 2h40 para entrar no Espace La Rochefoucauld. “Fiquei com medo de não conseguir votar, apesar da distribuição das senhas, porque tinha muita gente”, indicou.

 

Problema em uma urna eletrônica

A votação ocorreu sem maiores imprevistos, apesar do grande afluxo de pessoas. O cônsul-geral do Brasil em Paris, Fábio Marzano, disse à RFI que uma das 29 urnas eletrônicas não funcionou e foi substituída por uma de lona, com cédulas de papel.

“Ela ligou, mas deu um erro que não conseguimos resolver antes das 8h. Tivemos então autorização do TRE-DF, do juiz eleitoral, para recorrer à urna de lona, com voto de papel. Ela já havia sido enviada para nós para ser usada caso houvesse problema”, explicou.

Para o cônsul, a votação em Paris aconteceu de forma organizada e a avaliação foi positiva. “Estamos tendo um afluxo sigificativo de brasileiros, muito mais do que da última vez. Nossa expectativa é que ultrapasse facilmente os 10.000, 12.000 eleitores, que também é o dobro dos que compareceram em 2018”, afirmou durante a tarde.

A mesária Clarissa Ilha destacou que, apesar da superlotação do espaço alugado pelo Consulado-Geral do Brasil em Paris, o clima foi positivo. “O que a gente sentiu foi realmente uma felicidade muito grande das pessoas estarem participando, sempre com sorriso, até o último eleitor”, diz.

Lucas de Oliveira Lopes, de 21 anos, foi secretário de seção. Ele foi voluntário para o auxílio aos eleitores que aguardavam na fila. “Me apresentei porque acho importante participar deste momento, diante de tudo o que ocorre no país. Passei 12 horas em pé, mas valeu muito a pena”, afirmou.

 

FOTO: Elcio Ramalho/RFI