Foto: Farol de Notícias/Celso Garcia

Publicado às 13h43 desta terça-feira (07)

Na manhã desta terça-feira (07), Ialle Fernanda Rodrigues da Silva, 21 anos, moradora da Fazenda Ingazeira, zona rural de Serra Talhada, esteve na redação do Farol de Notícias para relatar sobre a falta de atenção do Centro de Zoonoses Municipal em relação a um surto de leishmaniose no entorno. Ela conta que, em maio do ano passado, a filha, de apenas três anos, faleceu dentro de 15 dias diagnosticada com a doença. Após o acontecido, a comunidade espera até os dias de hoje uma ação do Zoonoses, pois quatro cachorros testaram positivo para a doença. 

Ialle Fernanda contou que, após o acontecido, a vigilância sanitária entrou em contato com ela e o Centro de Zoonoses esteve na Fazenda Ingazeira e realizou o teste rápido nos cachorros. O resultado foi positivo e o sangue colhido para a análise laboratorial que deveria ter o resultado dentro de um mês. 

Passados meses, sem resposta, preocupada, pois um cachorro dos que testou positivo para o teste rápido veio a falecer, e outros apresentaram os sintomas, Ialle esteve nesta terça-feira (07) no Centro de  Zoonoses para saber o resultado dos exames laboratoriais. Ela contou que foi informada que o resultado de exames de quatro cachorros, de uma média de dez, foi positivo. Ao ser informada sobre o resultado dos exames dos animais, disseram para ela recolher os animais e levá-los ao centro.

“A gente ficou esperando e nada. Agora entrou 2023 e eu decidi vir ao Centro de Zoonoses para saber o resultado. Eu falei com ele, e ele disse: ‘Vocês têm que trazer os cachorros para cá’. Era para eles irem buscar, porque eles têm a carrocinha, os equipamentos adequados, porque há cachorros que são violentos. A bronca é pela demora, sendo que lá há bastante crianças. Meu maior medo é pegar outro calazar, a minha filha pegou. Ela ficou irreconhecível. Em menos de 15 dias a minha filha se foi. Eles falaram que assim que chegasse o resultado, iriam até lá para conversar com a gente e se alguns dos cachorros tivessem testado positivo, trariam para fazer procedimento. Que tratamento não tinha cura e teria que sacrificar, todo mundo concordou”, disse  Ialle Fernanda, sem conter a lágrimas, em seguida, acrescentou: 

“A minha maior preocupação não é comigo, é com as crianças, porque eu sei a dor que eu estou passando e nunca esqueci nem vou esquecer os momentos que ela me dizia: ‘Me tire daqui, me leve para casa’. Essa é a minha maior dor e nunca vai acabar. Todo canto que eu olho no sítio, eu vejo ela. Uma criança de três anos incrível. Se você visse ela, você não diria que ela tinha três anos. Ela sabia coisas que você nem imaginava que uma criança de três anos sabia, e acabou em um instante, em menos de 15 dias, ela se foi. Já pensou se essas crianças pegam essa doença? O sofrimento é grande. A gente já tem muita dificuldade no sítio. Isso eu não aceito!”.

O OUTRO LADO

Nesta terça-feira (07), o Farol de Notícias entrou em contato com o médico-veterinário Dr. Jackson responsável do Centro de Zoonoses de Serra Talhada, que contou que responderia por meio da Assessoria de Comunicação, mas até o fechamento desta edição não obtivemos respostas.