Do g1 Mundo

Foto: Guillermo Arias / AFP

O número de imigrantes brasileiros que entraram no México chegou a 15 mil nos últimos dois meses, de acordo com o Instituto Nacional de Migração, órgão do governo mexicano responsável pelo controle de entrada, trânsito e saída de estrangeiros do país. A quantidade crescente de pessoas que deixaram o Brasil para entrar nos Estados Unidos, pela fronteira mexicana, tem preocupado as autoridades pela incidência de tráfico humano.

A maioria chega em família. Uma delas viralizou no México nesta terça-feira (16). O grupo de seis pessoas – entre elas duas crianças e um idoso – foi detido na guarita de Otay, em Tijuana, quando tentou atravessar a fronteira correndo.

Imagens da apreensão dos brasileiros logo ganharam as redes sociais do México. O vídeo gravado por uma testemunha mostra quando os imigrantes saem da carroceria de uma caminhonete, onde viajavam escondidos, e tentam correr em direção aos EUA.

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De acordo com a imprensa mexicana, as autoridades aduaneiras chegaram a solicitar os vistos. Como os brasileiros não tinham, eles pularam do veículo e dispararam rumo aos EUA. Pouco depois foram contidos.Os mexicanos têm notado o aumento da presença brasileira no país. No começo do ano eram registradas até 50 pessoas, depois passou para 100 e, nos últimos dois meses, o Instituto Nacional de Migração contabilizou mais de 15 mil.

Os grupos chegam ao México como turistas e, por esse motivo, possuem documentação para estadia legal por 180 dias. Dessa forma, não podem ser retidos. Eles costumam entrar no país pelos aeroportos da Cidade do México e de Tijuana.

Segundo a imprensa mexicana, os grupos chegam ao país aparentemente bem assessorados por guias e têm o interesse em obter asilo humanitário nos Estados Unidos. Mas quando o benefício é negado na fronteira, eles são encaminhados para o Serviço Nacional para o Desenvolvimento Integral da Família, no México. Em seguida, são enviados para abrigos, onde passam poucas horas.

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“Eles não querem ficar nos albergues. Estão buscando mais privacidade e esses grupos da comunidade brasileira, que são os maiores, talvez tenham os recursos econômicos para poder se acomodar na cidade. O que se prevê é que vão continuar chegando” disse José María García Lara, representante do abrigo Juventud 2000.

A crescente presença de imigrantes brasileiros em Tijuana tem sido associada ao tráfico de pessoas. Para a Academia Mexicana de Direitos Humanos, é grande a possibilidade de que a chegada de grupos grandes, com famílias inteiras, vêm sendo mediada por traficantes organizados e pede investigação.

“Há uma forte possibilidade de que se trate do tráfico organizado e precisa ser investigado como se deve” disse José Luis Pérez Canchola, membro da Academia Mexicana de Direitos Humanos. (As autoridades) sabem o que está acontecendo, mas com o visto legal não podem fazer nada.

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Canchola também chamou a atenção para o risco dos coiotes.

“Existe uma máfia muito grande de coiotes em Tijuana, que podem virar os casos de sequestro, com extorsão de dinheiro das famílias” finalizou.

Em setembro, técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 49 anos, morreu quando enfrentava a travessia ilegal para os Estados Unidos via fronteira do México. Ela estava acompanhada de um grupo de amigos e era guiada por um coiote.