Do Blog do Jamildo

Presbítero, missionária, pai, irmão, estes são alguns dos inúmeros títulos religiosos que cada vez estão mais presentes no cenário político-eleitoral brasileiro. Neste ano, ao menos 45 candidatos irão utilizar títulos religiosos no nome de urna no estado de Pernambuco. O levantamento feito pelo Blog de Jamildo analisou os nomes que serão utilizados na urna pelos candidatos a deputado federal, estadual e senador. Em todo o Brasil mais de 500 candidatos usam títulos religiosos em seus ‘nomes políticos’.

Segundo o TSE, o nome de urna – que é usado durante toda a campanha – pode ser um “prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual o candidato é mais conhecido” e todos os candidatos devem indicar um nome de urna no pedido de registro.

Para Elton Gomes, doutor em Ciência Política e professor da Faculdade Damas, o uso de ‘títulos’ religiosos por políticos passa por um fenômeno importante da política brasileira. “Os títulos religiosos são associados a um fenômeno muito importante da política brasileira ocorrido nos últimos 25, 30 anos que é o peso do chamado voto evangélico neo pentecostal que costuma ser um tipo de voto relativamente ‘barato’ para os candidatos.

No caso do voto evangélico ele é ao mesmo tempo concentrado e disperso, concentrado pois é concentrado em um segmento da população que realiza essa congregação de fé e ele é disperso porque as igrejas protestantes, diferentemente da Igreja Católica, tem muita autonomia, elas são federalizadas, ela tem uma capilaridade muito grande e isso acaba sendo interessante para o político associado ao movimento religioso, seja ele pentecostal ou não, ele acaba transformando isso aí em uma espécie de fator de multiplicação de suas capacidades políticas eleitorais, há casos em que o pastor pede voto para o político, as vezes o próprio político é pastor”.

Em Pernambuco, o principal título religioso utilizado é o de “irmã” ou “irmão”, em 22 casos, seguido “pastor” ou “pastora”, em 17 casos, “missionário” ou “missionária” (6) e “bispo(a)” em 1 caso.

Além do título religioso ajudar na identificação dos políticos junto a sua denominação, Elton Gomes afirma que o uso desses termos pode atrair votos de eleitores conservadores. “Esses candidatos religiosos acabam abocanhando um pedacinho do eleitorado neo conservador que não necessariamente é protestante e não necessariamente é daquela denominação religiosa da qual o candidato faz parte. Eles acabam tendo a simpatia de outros evangélicos e até de eleitores não evangélicos mas que gostam da defesa dele do ponto de vista moral-conservador. Em geral esses candidatos são liberais no ponto de vista econômico e conservador no ponto de vista moral”, disse.

Para o deputado federal Pastor Eurico (Patriota),segundo mais votado em 2014 com 233.762 votos, o uso de ‘títulos’ religiosos é um direito e não acredita que esse fator conceda uma grande quantidade de votos aos candidatos que assim se identificam. “O meu registro desde o princípio foi registrado dessa forma, até porque é o nome que eu sempre fui conhecido no meio evangélico, no rádio e nas redes sociais, as pessoas sempre me conheceram como Pastor Euríco. Independentemente de pleito, de política, eu sempre fui conhecido como Pastor Euríco, quando fui para política mantive o nome que me identifica. Não é o ‘título’ que faz o eleitor votar, se o título desse voto… É o direito de cada um como cidadão escolher o seu nome social. Se a pessoa tem de fato uma liderança e quer usar esse ‘titulo’ é um direito dele, a Lei não proíbe”, afirmou.

O levantamento feito pelo Blog de Jamildo analisou os nomes que serão utilizados na urna pelos candidatos a deputado federal, estadual e senador em Pernambuco.