‘Foi Deus quem mandou esse homem. Era uma dificuldade, chegou a fechar o posto por falta de médico”, diz Isabel Rocha, 80 aposentada.

A médica cubana Teresa Rosales, 47, se surpreendeu com a recepção dos pacientes em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.

‘Eles [pacientes] ficam de joelhos no chão, agradecendo a Deus’, afirma a médica.

SEM O BÁSICO: MÉDICOS 

O posto em que Teresa trabalha fica no distrito de São Domingos, região pobre e castigada pela seca. Durante os últimos quatro anos, não tinha o básico: médicos.

A situação se repetia a algumas ruas de lá, no posto onde o marido de Teresa, Alberto Vicente, 43, começou a trabalhar em outubro.

Alberto e Teresa integram um grupo de 400 cubanos que chegaram pelo Mais Médicos na primeira etapa do programa. Outros 2.000 dos seus conterrâneos começaram a trabalhar no dia 4 de novembro, 76 deles em São Paulo.

Uma terceira leva de 3.000 médicos da ilha chegou esta semana a cinco capitais. A previsão é que eles comecem a trabalhar em dezembro.

AVE RARA 

Eles têm alimentação e moradia fornecidas pelas prefeituras e recebem por mês entre R$ 800 e R$ 900 do governo federal. O restante da bolsa de R$ 10 mil mensais é distribuído entre parentes dos médicos e o governo cubano.

A agricultora Maria Inácia Silva, 69, havia visto um médico pela última vez em 2005.

Ela se disse impressionada pelo cubano Nelson Lopez, 44, novo médico do povoado de Capivara, em Frei Miguelinho (PE). ‘Gostamos de examinar o paciente, considerá-lo gente’, disse Lopez. Após a consulta, Maria Inácia opinou: ‘Ele é ótimo médico, apesar de estrangeiro’.

(Da Folha de São Paulo )