elefante-caraMamíferos com cérebros grandes tendem a ser mais inteligentes, mas também enfrentam um maior risco de extinguirem, afirma um estudo publicado nesta quarta-feira (17) Cientistas já sabiam que possuir um bocado a mais de massa cinzenta é algo que tem seu preço. Fornecer sangue para um cérebro grande, por exemplo, requer muita energia.

Mas mesmo que não exista uma correlação direta entre tamanho e inteligência — humanos não tem os maiores cérebros do reino animal, nem mesmo em comparação com o tamanho do corpo –, possuir uma montanha de neurônios é geralmente vista como vantagem.

Mamíferos com mais capacidade no crânio também tendem a viver mais, afirmam cientistas. Eric Abelson, professor da Universidade Stanford, suspeitava, porém, suspeitava que houvesse uma ligação entre cérebros maiores e risco de extinção. Para testar a hipótese, ele examinou mais de 1.650 amostras de museus, cobrindo 160 espécies diferentes das Américas.

Abelson mediu os crânios e tamanhos de corpos de criaturas tão pequenas quanto roedores e tão grandes quanto búfalos, mas não incluiu animais aquáticos. O próximo passo foi checar o status dessas espécies na lista global de espécies ameaçadas mantida pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).

A classificação da chamada lista vermelha é dividia em seis níveis de ameaça de extinção. Abelson também examinou um segundo conjunto de dados de mais de 600 espécies de animais ao redor do mundo. Para sua surpresa, ele descobriu um padrão claro: animais com cérebros maiores estava sob maior risco de terem o mesmo destino dos dinossauros e dos dodôs.

Nas Américas, a ligação era especialmente forte para mamíferos com cérebro grande em relação ao tamanho do corpo. “Isso provavelmente representa um caso de ‘filtragem de ameaça'”, afirmou no estudo. “Espécies na América do Norte passaram por um período em que espécies de corpos grandes sofreram grandes perdas populacionais.” Esses animais agora estão extintos ou são hoje espécies protegidas com populações se recuperado e não são — em nenhum dos dois casos — consideradas ameaçadas.

A descoberta surge em uma época em que cientistas acreditam que o planeta esteja entrando em um “evento de extinção em massa”, o sexto a ocorrer nos últimos 500 milhões de anos. O mais recente havia ocorrido 65 milhões de anos atrás, aniquilando os dinossauros não-aviários. A mortandade atual é resultado de alterações em andamento causadas por atividade humana e pela mudança climática, com a vida oceânica particularmente impactada.

Segundo a IUCN, recifes de corais — hábitat de um quarto de todas as espécies marinhas — podem desaparecer por volta de 2050. Cerca de 40% dos anfíbios e 25% das espécies de mamíferos enfrentam hoje a perspectiva de desaparecer por completo. Abelson afirma que mais pesquisas sobre a correlação entre tamanhos de cérebro e tamanho do corpo podem dar a cientistas novas ferramentas para prever o ritmo de extinções.

Do G1 Mundo