Publicado às 06h40  deste domingo (28)

Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol

Após algumas turbulências e algumas péssimas escolhas políticas, a prefeita Márcia Conrado começa a dar sinais de que vai ouvir a população; ao invés de um grupo que tem buzinado para a ela estratégias extremamente prejudiciais a sua imagem como prefeita.

Neste momento, ela não precisa ser prestigiada por A ou B, mas provar que é uma gestora capacitada e que atende as demandas da sociedade. Um bom exemplo é a rejeição dos professores da rede municipal à Márcia Conrado. É algo que não acontecia desde as gestões de Ferdinando Feitosa e Geni Pereira.

Márcia Conrado está sozinha para o gol, prestes a fazer o gol que vai lhe garantir a reeleição. O problema é que os assessores não querem que essa bola seja passada pelo deputado Luciano Luciano Duque.

Luciano, como uma velha raposa da política, mantém uma linha definida, sem se afastar em nenhum minuto do seu discurso: “Não sou candidato a prefeito em 2024”. Apesar disso, ele lidera as pesquisas de intenções de voto para prefeito em 2024, à frente da sua aliada Márcia Conrado. Isso quer dizer que, indiretamente, Duque ainda é o grande líder popular deste grupo para o povo; e que Márcia, mesmo com a sua votação recorde de mais de 26 mil votos, anda desagradando os diversos setores da sociedade.

Em uma cidade que não tem uma oposição articulada, com um nome forte, um projeto de governo e mudança para propor ao serra-talhadense, a gestora que foi eleita com a maior coligação de partidos, que detém o apoio da maioria dos vereadores da Câmara, vai eventualmente querer enfrentar o seu principal aliado em disputa, na qual ela pode sair perdendo, mesmo com toda a máquina a sua disposição? 

Isso, na verdade, é um verdadeiro suicídio político. A prefeita é muito mal assessorada no marketing, na comunicação e coordenação política. São vozes que saem da boca de surdos, pessoas que estão longe de entender a realidade política, social, econômica, histórica e cultural da cidade.

É um erro querer fritar o nome Luciano Duque, por isso o torna mais forte, e faz surgir entre os populares e formadores do grito de “Volta Luciano!”. Por outro lado, faz surgir também o “Fora Márcia!”. Dois cenários distintos e decisivos para 2024. A bem da verdade, Luciano tem uma relação muito saudável com o Deputado Federal Waldemar Oliveira, há décadas.

Mas o mesmo não se aplica na relação com o ex- deputado Sebastião Oliveira. Nesse ponto, Duque é água e Sebá é óleo, ou vice e versa. Então, para que essa aliança hipotética seja só para o governo continuar, erra no trato com Luciano jogando-o nos braços da oposição. Ou seja, é um raciocínio bem simples, dá para entender sem ter que soletrar.  

Agora, a outra peça que poderá se desgarrar aos poucos sem que ninguém dê muita atenção, e que pode mudar os rumos dessa eleição, é o vice Márcio Oliveira. Márcio é discreto e fiel ao seus aliados, mas, aparentemente, não anda contente com alguma situação política. 

De repente, em surpreendente jogada política, Márcio poderia (hipoteticamente) ser o candidato a prefeito com o apoio de Luciano Duque e Sebastião Oliveira. Aparentemente o cenário é impossível, mas não improvável, até porque na política não existe o impossível e o improvável.