O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do médico Denirson Paes. O resultado foi entregue na segunda-feira (20) ao filho mais novo da vítima, Daniel Paes, 20 anos, que precisava do documento para dar continuidade ao inventário dos bens deixados pela vítima. As informações foram repassadas em primeira mão à Folha de Pernambuco pelo pai de Denirson, o comerciante Francisco Ferreira, 79, que disse encarar a notícia como mais uma etapa de todo esse processo.
“São altos e baixos que enfrentamos desde que tudo aconteceu. Às vezes, nos sentimos bem. Às vezes, sentimos a queda. Mas estamos tentando seguir. Isso só faz parte”, comentou o pai. O resultado saiu quase três meses após o desaparecimento do cardiologista.
A Polícia Civil de Pernambuco acredita que o crime – a morte e o esquartejamento do corpo – tenha acontecido no dia 31 de maio e aponta como principais suspeitos a esposa de Denirson, a farmacêutica Jussara Rodrigues, 54, e o filho mais velho do casal, o engenheiro civil Danilo Paes, 23, que estão presos preventivamente desde o dia 5 de julho, a pedido da delegada responsável pelo caso Carmem Lucia.
Na versão de Jussara, Denirson saiu por volta das 5h30 da manhã falando que iria a pé até o apartamento da família em Aldeia porque o carro estava sem gasolina. “O crime deve ter acontecido depois disso. O assassino deve ter encontrado Denirson no caminho”, diz Alexandre Oliveira, advogado de Jussara e Danilo.
O defensor solicitou à Justiça que o trabalhador José Cláudio seja ouvido novamente pela delegada. Cláudio esteve na casa, em Aldeia, no dia 31 de maio, para pôr gasolina no carro. “Eu gostaria que ele fosse questionado sobre isso. Tem registrado em mensagem que Jussara deu folga para todos e ele seria uma testemunha que pode confirmar”, explica Alexandre.
A defesa quer provar que os depoimentos dos empregados da casa e do porteiro do condomínio, considerados principais testemunhas do caso, não são reais e que eles estariam envolvidos no crime. De acordo com o advogado, as testemunhas passaram por acareação no dia 7 de agosto.
Funcionária da casa de Jussara e Denirson, Josefa da Conceição dos Santos manteve a versão de que recebeu folga no dia 30 e 31 de maio e, quando voltou à casa no dia 1º de junho, encontrou José Antônio da Silva Filho colocando pedras frias na cacimba, assim como o jardineiro da família, Emanoel Bezerra, 20.
José Antônio foi chamado para fazer o serviço na cacimba pelo porteiro do condomínio Toquarto de Castro, Egnaldo Daniel Bezerra. Egnaldo, que trabalha no local há 19 anos, é tio do jardineiro Emanoel, e também prestava serviços para a família. No dia 25 de junho, Egnaldo informou em depoimento que, no dia 12 de junho, Jussara pediu para ele fechar as brechas da cacimba e que, no local, ele sentiu um forte “odor de coisa podre e lembra bem que tinha muitas moscas varejeiras”.
Já durante a acareação, no último dia 7, voltou atrás e, após declaração de Josefa, afirmou que se enganou com as datas e que na verdade teria ido no dia 31 de maio. “Como, então, ele sentiu um forte odor e viu moscas varejeiras?”, questiona Alexandre Oliveira. Assim como Egnaldo, José Antônio, após ouvir o depoimento de Josefa, também afirmou ter se confundido e que tinha ido colocar as pedras frias no dia 31.
“Por isso, eu peço que José Cláudio seja ouvido novamente. Ele foi até a casa nesse dia”, diz. O jardineiro Emanoel Bezerra também voltou a ser ouvido, no dia 8 de agosto, e informou que estava cortando as papoulas da cerca no mesmo dia em que Egnaldo foi até a casa fechar as brechas da cacimba, e no dia seguinte, mas que não recorda a data. Disse, ainda, que Jussara deu folga no dia 31 de maio, mas que não sabe se de fato folgou.