saudade1[1]Por Josenildo Mariano de Siqueira, professor serratalhadense

Vou elencar algumas personagens que estão na minha memória.

Lembro-me de quando o meu pai João Mariano (in memoriam) ia descarregar algodão na SANBRA, e quem pesava o caminhão com a carga era alguém muito conhecido na cidade: seu Adalberto Máximo, que tinha uma lanchonete onde hoje é o Banco do Brasil, e depois se transferiu para a antiga Tropicana. Quando a carga era de milho, o destino era a CAGEP, e lá quem recebia era o Sr Expedito Pereirinha.

Já quando o meu pai tomava o rumo do bairro São Cristóvão (antes conhecido como Bomba), primeiro parava na alfaiataria de seu Américo Antão, depois na borracharia de seu João Rodrigues (in memoriam), vizinho ao posto de seu Batista Pedro (in memoriam), com duas bombas de abastecimento de cor amarela.

Já foi muito lembrado aqui no FAROL o personagem Badé do Beco do Rio, mas vou reforçar uns feitos da época. O folclórico e vidente Badé tinha um concorrente não só nas adivinhações, como também na caligrafia (bela escrita…). Chamava-se Escurinho, filho de dona Odília: “me conta teu sonho que eu te digo
que bicho vai dar”…

Na rua Agostinho Nunes um comerciante, na época muito conhecido e hoje esquecido – a figura de Severino do Cigarro, cunhado de Quincô (in memoriam) – movimentava a cidade com suas divertidas peças teatrais.

Na tipografia de seu Lorena, havia a presença de um amado filósofo popular, Carlinhos Rocha (in memoriam), que lamentavelmente teve a vida interrompida tão jovem.

A nossa Serra aprendeu a abrir os braços e a amar também os forasteiros que faziam sucesso em suas curtas passagens em nosso torrão: quem não se lembra do palhaço Biribinha do Circo Mágico Nelson? Seria um Cheirozinho do momento. Um cabeludo com aparência de Sansão, que puxou um caminhão pelas tranças dos seus cabelos. E foi desaforado: ainda mandou subir a molecada na carroceria. Truque ou não, a fubica deslocou-se – feito entre as lojas Majestosa e Pernambucanas. Um maluco que desafiou tempo e a resistência humana. Em uma sela de bicicleta rodou três dias sem parar, usando o seguinte bordão “Não come, não para, e não dorme’’.

Esses personagens nos encantaram.

Esperamos que venham outros.