A pouco dias dos festejos juninos, a fogueira ainda está bem acesa em minha frente. O ritual era mágico. Meu pai chamava os filhos para exatamente às seis horas, acendermos a lenha em frente da casa. Antes, era aquela gritaria com chumbinhos, chuvinhas e os meu preferidos: os ‘peitos de veia’.
Cadeiras eram colocadas nas calçadas para ouvir o estalo da lenha e a festa dançante do fogo. Alcancei mulheres colocando faca no tronco da bananeira na busca aflita por maridos. Fui testemunha das cerimônias dos compadres de fogueira e das cinzas do outro dia. A rua era pequena para tanta alegria. Afinal, o bom do São João, que tinha gosto de milho verde, era poder abraçar a família, gargalhar na calçada e sentir-se feliz.
Hoje, não entendo porque muita coisa mudou e o São João bom de verdade passou a ser sinônimo de grandes festas de massa e com bandas musicais de gostos duvidosos. Hoje, as fogueiras são acesas, mas não há cadeiras nas calçadas. Os ‘compadres’ não fazem mais ‘pactos’ de amizade e tudo foi transformado em estória de trancoso. Mas a minha moldura está bem viva. Graças a Deus! Meus retalhos não vou deixar na penumbra do tempo. Um bom São João para todos.
2 comentários em MEMÓRIA: Nos anos 60, o São João tinha gosto de milho verde e cadeiras nas calçadas