Por Anildomá Souza, secretário de Cultura de Serra Talhada e militante cultural.

Olá, pessoal:

Hoje é domingo, amanhã é dia de feira em nossa Serra Talhada. Muitas coisas povoam minha cabeça, maravilhosas lembranças, das feiras no verdor da minha juventude, morando na parte da cidade onde se concentrava o maior volume de feirantes:  no final da Rua XV de Novembro. Olhando com o olhar de hoje, parece até que a feira era um grande evento cultural com tanta coisa bacana que se via: as bancas com bonecas de pano, bonecos ou animais feitos com palha de coqueiro ou  catolezeiros, rosário de côco de catolé, carrinhos  de brinquedo feito com tábuas e   latas de óleo,  hoje só vemos estas coisas nas feiras de artesanatos.

Havia ainda as apresentações de artistas mambembe quebrando uma pedra de meio fio no peito com alguém batendo com uma marreta, ou alguém puxando um caminhão com uma corda amarrada nos longos cabelos e a outra ponta no pára choque do automóvel, alguém que fazia chover moedas (chamávamos de prata) debaixo de um pé de figo na praça,  outros engolindo faca e cuspindo fogo, sempre aparecia um tal de Índio do Paraguai desafiando deus e o mundo para uma luta corporal anunciando ser tão forte quanto Sansão. Os mais inteligentes da cidade diziam que aquilo era magnetismo.

Até hoje não consegui entender o que tem haver uma coisa com a outra, mas era isto mesmo que diziam.   Lembro ainda dos cantadores Dois de Ouro e Dez Bralhados que animavam  alguns bares e bodegas com seus versos de improviso, elogiando ou dizendo lorotas com os presentes. Não tem como esquecer seu Luiz declamando versos de cordéis anunciando os clássicos antigos e os novos lançamentos. Maria Boiadeira, única mulher que vi até hoje soltando versos de improviso entre um aboio  e outro.

O vendedor de remédio milagroso com seu boneco chamando as moças de gostosa e dizendo que se chamava Benedito Pacífico Fialho Monteiro Cavalheiro de Carvalho. Todo mundo tem uma lembrança dessas, da feira, da porta do mercado público, e é isto que dá beleza ao viver.

Em Tempo: Nesta segunda-feira (18), das 9h ao meio dia, retorna o projeto Cultura Livre na Feiras, na área de alimentação da Feira Livre, na lagoa Maria Timóteo.