“Recebe ó Virgem da Penha, o nosso filial coração”. Este é um trecho do hino de Nossa Senhora da Penha, Padroeira de Serra Talhada, que será entoado várias vezes a partir do dia 29 de agosto, no hasteamento da bandeira. Mais uma vez, os serratalhadenses sairão às ruas para mais uma demonstração de fé.

Tenho várias recordações das procissões em que participei durante minha infância. Gostava de ver o meu avô, Augusto Duarte, vestido com o hábito fransciscano e atrás dele dezenas de outros franciscanos acenando lenços brancos. Como esquecer de centenas de pessoas que faziam suas promessas e caminhavam de pés descalços? Nas janelas, algumas pessoas jogavam flores, estendiam toalhas brancas e os aplausos ecoavam ao passar da imagem. Sinto que gestos como este ainda são muito fortes hoje.

E também não dá para esquecer de alguns personagens, do mais anônimo ao mais famoso. Uma certa feita, cheguei a ver o sanfoneiro Zé Binga – que tocava um fole de oito baixos- a fazer um solo solitário, na rua Padre Ferraz, durante a passagem da procissão. Também tenho lembranças de Badé, negro alto e bem vestido, todo de branco, que vez outra estava no cortejo.

Esta será a 223ª Festa da Padroeira, um rito inesquecível. Principalmente no dia 8 de setembro, onde todos obedecem ao comando do “viva Nossa Senhora da Penha”. Vivaaaa! Fé cega, faca amolada? Talvez. Mas ninguém pode ir de encontro ao fato de que, neste momento, formamos uma grande corrente de homens e mulheres voltadas para o bem. E o bem nunca será demais num mundo como o de hoje. Um bom domingo para todos.