“Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos…” este trecho da música de Beto Guedes me traz boas recordações e me leva a mergulhar numa profunda reflexão sobre a vida em sociedade. Estamos no primeiro domingo de setembro e vivenciamos mais uma Festa de Nossa Senhora da Penha, a nossa padroeira. Quando olho o retrovisor da história tenho a impressão que perdemos um pouco o foco sem a construção de um bom debate. Polemizamos em torno do local da festa, do palco, do calcadão da praça, da programação e até da tenda eletrônica. Ufa! O que fizemos com a nossa Festa de Setembro?

Ainda me lembro que, em outras épocas, todos estavam preocupados em comprar a “roupa para o dia 7 de setembro”, ou ansiosos para reencontrar velhos amigos e amigas. Meus pais tinham uma rotina de festa: Comprar os sapatos na sapataria de Gregório Ferraz, roupas para os sete filhos e pra nós- os meninos- cortar o cabelo, tipo jaquideme; na barbearia de Faustino e Luís. Pra mim, esta era a pior parte. Neste período, as lojas estavam cheias e não tinha esse negócio do cartão de crédito. O que funcionava era a amizade. Você chegava, era recebido pelo dono da loja com um afetuoso abraço e com o slogan de “o que vai levar hoje. A loja é sua”. E tudo parava na velha ficha de papelão.

Como esquecer do sorriso de seu Gilberto Godoy, a simplicidade de Gregório Ferraz, a graça e simpatias dos lojistas João do Bode e Modesto Sá? Como apagar das lembranças a alegria de Jared Carvalho (Jarinho) e o eterno afago de seu João Duque de Souza? As relações eram comerciais, mas não impessoais.

A figura do dono da loja sumiu para dar espaço ao gerente, que é cobrado para bater recorde de vendas. Creio que avançamos muito do ponto de vista de modernidade comercial, que não deixa de ser um foco da festa; mas perdemos nas relações entre pessoas. Infelizmente, colocamos em segundo plano as amizades, os reencontros, e por consequência: priorizamos outros debates. Viva Nossa Senhora da Penha. Viva a Festa de Setembro!