Bom dia, boa tarde e muito boa noite aos leitores deste domingo (24), véspera da visita da gerentona Dilma à Serra Talhada. Mas o assunto agora é outro. Dizem que falar do passado é viver duas vezes. Este exercício estamos fazendo aos domingos e deve ser estendido aos leitores e leitoras do FAROL DE NOTÍCIAS.

Muitos da minha geração devem ter lembranças da Bodega de ‘seu’ Elias, ao lado da escola Solidônio Leite, no centro de Serra Talhada. A bodega tinha um balcão rústico de madeira, alguns jornais velhos espalhados pelo balcão, um pedaço de madeira velho e, ao fundo, uma bacia de ágata onde seu Elias banhava os copos e as garrafinhas. ah! as garrafinhas do seu Elias. Quantas saudades. Tenho orgulho de dizer que não sou da geração Coca-Cola… sou da geração ‘garrafinha do Elias”.

Costumavámos fazer traquinagens pelas ruas, bater um bola no Pico da Bandeira- antigo aeroporto- e corríamos em seguinda para bodega tomar garrafinhas. Na realidade, eram servidos  Quisuco de Morango em garrafas de Crush e Fratelivita, que seu Elias higienizava em sua bacia de ágata e vendia a preço simbólico, bem geladinha, acompanhada de pão doce. Sentavámos na calçada e felizes meninos buchudos, contavámos histórias ao lado das garrafinhas. Em alguns momentos até brindavámos: ‘Tintim”. Viva o pão doce  do seu Elias.

Mas aonde entra o seu Olímpio da farmácia nesta história da garrafinha? Calma, o caso eu conto como o caso foi. Uma certa feita tomei uma ‘overdose’ de garrafinha com pão doce. Pois bem. Não deu outra. Tive um mal estar e minha santa mãe me levou até a Farmácia de Olímpio para uma consulta. Entre tantas atividades, seu Olímpio tinha o dom da cura. Entretanto, era uma pessoa que me transmitia medo. Era por demais dócil e afável, de fala mansa e muito paciente. Mas a minha imaginação voava alto quando chegava na farmácia e dava de cara com uma bola de vidro enorme cheia de um líquido amarelo que nunca souberam me explicar que meizinha era aquela. Por tabela, seu Olímpio vestia branco, tinha barba mal feita, dois dentinhos que se destacavam e um par de óculos sempre caido no nariz. Era uma espécie de ‘cientista’ daquele tempo. Isto me dava medo.

Mas neste dia não tive escapatória, e graças ao seu Olímpio da Farmácia fui curado do porre de garrafinhas de morango. Quem pensa que aprendi alguma coisa com isso se enganou. Na outra semana, estava novamente na Bodega do Elias fazendo a minha farra infantil. Mas aprendi que tudo demais é veneno e o que não engorda pode matar. Bons tempos àqueles.

Bom domingo para todos vocês!