Do g1 Pernambuco

Foto: Reprodução/WhatsApp

Após quase dois meses internada, recebeu alta no sábado (4) a menina Kemilly Kethelyn Lino da Silva, de 8 anos, que foi esmagada por uma placa de concreto do muro do metrô, na comunidade do Papelão, no bairro do Coque, na região central do Recife.

O acidente ocorreu quando ela participava de uma festa promovida por uma ONG, em comemoração ao Dia das Crianças, em 16 de outubro. A menina e outras 100 crianças aguardavam a distribuição de presentes, quando a placa caiu.

Kemilly sofreu politraumatismo e passou oito dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Restauração, no Centro da cidade, sendo cinco deles intubada. Desde a extubação, ela se recuperava das fraturas no hospital e esperava o resultado de exames para saber se teria sequelas neurológicas.

A garota ainda sente muitas dores na perna e não consegue andar direito, tendo que ser carregada pelos parentes para cada cômodo que precisa ir.

“Minha perna ainda dói muito. Sinto muita falta de brincar, de sentar no chão. Agora, eu só posso brincar no sofá”, firmou a garota, neste domingo (5).
A menina estava em pé, na calçada, quando a placa de concreto desabou. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) é a responsável pela estrutura. Por pouco, outras crianças, que estavam almoçando junto com Kemilly, também não foram atingidas.

Pouco tempo depois, o governo do estado entrou com uma notícia crime contra a CBTU. Os parentes de Kemilly se reuniram com representantes da empresa para pedir apoio financeiro para pode ir visitar a menina no hospital. Após o encontro, a empresa disse que “iria avaliar” os pedidos.

No dia seguinte, informou que uma cesta básica e um carro estavam à disposição da família da garota. Além disso, foram solicitados pelos parentes da vítima manutenção no muro e apoio psicológico. Em nota em novembro, quando uma nova placa do muro caiu, a companhia disse que, “em solidariedade ao ocorrido, atendeu a todos os pleitos solicitados” pela família.

Tratamento

Mãe de Kemilly, a dona de casa Caroline da Silva celebrou a alta da filha. Ela e o pai da garota, o gari Francisco Lino, têm mais dois filhos, um deles sendo uma bebê. Eles se revezaram durante os quase dois meses de internamento. No entanto, ele precisou retornar ao trabalho no fim de novembro e, com isso, Caroline passou a ficar 24 horas por dia no hospital.

“Agora é só felicidade. Ontem, o resultado dos exames neurológicos chegou. A pediatra viu e disse que estava tudo bem, mas era preciso o parecer do neurologista. Quando soube que ia para casa, ela começou logo a aperrear, querendo ir embora. Foram quase dois meses. Aí eu falei com a enfermeira-chefe e eles conseguiram localizar o médico, que deu a alta”, afirmou a mãe de Kemilly.

Por causa da ausência da mãe, que precisou ficar em tempo integral com a menina vítima do desabamento da placa, duas vizinhas ajudaram Caroline a cuidar dos filhos. Para ela, as amigas são praticamente família, devido à ajuda que deram durante o período.

“Minha bebê ficava com duas vizinhas. Meu filho mais velho chegava da escola, pegava ela e, quando ia para o jogo de futebol, deixava com outra vizinha. Eu ficava doidinha. Se minhas vizinhas não pudessem, eu ia mandar ela para Campina Grande (PB), para a casa de uma prima. Mas deu tudo certo, graças a Deus”, disse.

Kemilly teve alta hospitalar por volta das 10h, mas só conseguiu sair do Hospital da Restauração por volta das 17h, depois que o pai largou do trabalho e foi buscar ela e a mãe. No dia 16, ela deve passar por uma avaliação médica que deve decidir os rumos da fisioterapia e restante do tratamento.

Em nota, a Polícia Civil informou que “não divulga detalhes de diligências em curso para não atrapalhar o andamento das investigações” e que outras informações só seriam divulgadas quando o inquérito for concluído.