O MPF (Ministério Público Federal) pediu ao juiz federal Sérgio Moro que não conceda benefícios da delação premiada ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, as suas filhas e ao seu genro, no âmbito da Operação Lava Jato.

Segundo o órgão foram verificadas contradições entre os depoimentos de Paulo Roberto Costa e suas filhas. O texto afirma que os acusados “faltaram com a verdade por diversas vezes quando se seu interrogatório judicial, em evidente descumprimento dos deveres impostos pelos acordos de colaboração premiada” e conclui dizendo que os benefícios não devem ser aplicados nesse caso porque “a colaboração não foi efetiva”.

“Cabe ao juiz Sérgio Moro definir, no momento da sua sentença, se os benefícios de delação premiada acordados com Paulo Roberto Costa são suspensos total ou parcialmente. Cabe a ele definir também quais as penalidades: prisão, aumento da multa, serviços comunitários”, informou o MPF através da sua assessoria de imprensa.

Na denúncia feita pelo MPF, Paulo Roberto Costa agiu para obstruir informações da Justiça. Segundo o relato, as filhas de Costa atuaram para retirar documentos do local e ocultá-los antes de os policiais federais terem acesso a eles. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no escritório de Paulo Roberto Costa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no dia 17 de março de 2014.

Os agentes teriam ido ao escritório, mas não conseguiram entrar em um primeiro momento, porque as chaves estavam na casa do ex-diretor da Petrobras. A ocultação dos documentos teria acontecido no momento em que os policiais federais se dirigiram à residência de Costa e voltaram ao escritório.

Toda a movimentação foi testemunhada por um chefe de segurança e registrada pelas câmeras de segurança do prédio. A ida dos denunciados ficou registrada na câmera de segurança do prédio que demonstra por diversas vezes que eles subiram e desceram o elevador com sacolas cheias de documentos e dinheiro relacionados à pratica dos crimes investigados nessa operação.

Dentre as contradições apontadas na petição do MPF, que é assinada coordenação da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e mais 12 procuradores, durante depoimentos dados à Justiça, Costa afirmou que pediu à filha, Arianna Bachmann, que fosse ao escritório e retirasse duas planilhas, além das quantias de US$ 10 mil e R$ 100 mil. Já no seu interrogatório judicial, Arianna contou que o pai pediu apenas que ela buscasse os valores em espécie, que totalizavam R$ 50 mil e US$ 10 mil.

O MPF reforçou ainda que não há impedimentos para que acordos de delações firmados voltem a ser analisados pelo MPF. “Se for constatado que houve omissão em outras delações, os delatores podem vir a sofrer o mesmo processo”, acrescentou.

O UOL entrou em contato com a defesa do ex-diretor da Petrobras e aguarda uma resposta sobre o pedido do MPF para suspender o acordo de delação.

Do Portal Uol