Publicado às 16h deste domingo (16)

O Farol foi aos bairros circunvizinhos à cadeia de Serra Talhada um dia após a fuga de 27 detentos da prisão ocorrida na última quinta-feira (14). Em conversa com uma das mães dos presos, Fabiana Rodrigues Moura, de 41 anos, moradora da Malhada, ela contou que a polícia “só não entrou no dentro do forno” do seu fogão, buscando recapturar o filho dela.

“A gente teve um transtorno muito grande, era muita polícia batendo nas casas atrás dos presos, e um deles era o meu filho, que fugiu também da cadeia, mas não veio aqui para minha casa, saiu correndo por aí. E eu tinha acabado de chegar em casa e a polícia chegou dizendo que eu sabia onde ele estava, não tinha como eu saber, meu filho saiu subido aí pelas lajes, nos apartamentos, e conseguiram pegar ele, por volta das 23h. E depois pegaram vários outros”, contou Fabiana, detalhando:

“A polícia chegou aqui com ignorância, os pais não têm culpa do que os filhos fazem. A gente não tem culpa do erro dos filhos e foi isso o que eu falei para o policial, que queria que eu entrasse dentro do carro da polícia. E eu disse que não iria entrar, porque eu sou uma cidadã de bem. Vieram dizendo que eu sabia onde ele estava e eu disse que não sabia. Eles queriam que eu entrasse à força no carro. Eu disse então pode atirar em mim aqui. Vieram, levantaram sofá meu, minha cama, só não entraram dentro do forno do fogão, aí olharam direitinho e viram que não tinha nada. Sinto muito do meu filho estar preso, eu sempre trabalhei e ele sempre teve roupa, sempre teve calçado e estamos passando esse transtorno”.

O marceneiro Daniel da Silva (apelido Besouro), 52 anos, morador do Baixa Renda, contou que assim que soube trancou tudo. “Eu já estava trancado em casa já, o pessoal estava correndo nas ruas, e fiquei preocupado um pouco, com medo deles entrar, mas minha casa estava toda fechada”. Eduardo Rodrigues, 20 anos, disse que entendeu o anseio da polícia em ter chegado na sua casa depois das 22h.

“Capturaram um rapaz que estava escondido no apartamento aqui de cima, pediram para entrar aqui na minha casa, o vizinho ouviu alguém mexendo na fechadura da porta, mas eles [os policiais] foram super educados, analisaram os apartamentos. A gente sempre fica chocado, não é todo dia que acontece uma coisa dessas, mas a gente entende o trabalho da polícia em fazer isso, estão fazendo o trabalho deles, foram super educados, chegaram aqui por volta das 22h30”.