Do O Globo

Foto: Danilo Marroco

 

A cantora Gal Costa morreu na manhã desta quarta-feira (9), aos 77 anos. A assessoria da artista confirmou a informação, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.

Gal Costa estava afastada dos palcos para se recuperar de uma cirurgia realizada em setembro para retirar um nódulo na fossa nasal direita. A cantora chegou a cancelar de última hora a participação que faria no festival Primavera Sound, em São Paulo, no último fim de semana. Segundo as recomendações médicas, ela deveria dar uma pausa nos shows até o fim de novembro.

Desde outubro do ano passado, ela rodava o Brasil com a turnê do show “As várias pontas de uma estrela”, no qual revisitava grandes sucessos dos anos 80 da MPB, incluindo “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel”. A agenda da cantora previa ainda shows na Europa ainda neste ano.

Em abril, Gal Costa chegou a se apresentar em um dos maiores festivais do estado do Rio, o Rock the Mountain, em Itaipava, na região Serrana, e fez uma homenagem à amiga Rita Lee, recém-curada de um câncer de pulmão. “Eu vou cantar uma música da Rita Lee e quero que vocês cantem com força pra ela ficar radicalmente curada”, convidou antes de cantar “Bem-me-quer”, música de Rita lançada em 1980.

Em entrevista recente ao GLOBO, a artista falou sobre seu último disco “Nenhuma dor”, com participações de Zeca Veloso, Tim Bernardes e Seu Jorge, que marcava seu 55 anos de carreira. Na ocasião, ela lembrou seu comportamento livre (“fui libertadora, vivi a vida em que acreditava”), criticou o conservadorismo (“a sociedade sempre foi careta”) e revelou que teve planos de ter um filho com Milton Nascimento (“achávamos que nasceria uma voz linda”).

A cantora também contou que tinha vontade de ser avó (“quero um netinho, Gabriel vai ser um ótimo pai”) e afirmou que “é preciso se posicionar diante da burrice de quem é contra a vacina”.

Ícone da MPB

 

Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador. Ainda menina, nos anos 1960, todos a conheciam como Gracinha, dona de uma voz suave e afinada. Um dia, ela encontrou o mito da bossa nova, João Gilberto, que ao ouvi-la terá dito: “Você é a maior cantora do Brasil.”

Rebatizada de Gal Costa, ela não demoraria a confirmar a profecia de João: do começo na bossa, Gal adentrou o Tropicalismo ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil, seguiu pelos caminhos da MPB e do pop, e se estabeleceu como uma das maiores vozes femininas em um país de enormes vozes femininas.

Matéria em atualização.