Morre o diretor Jean-Luc Godard, pioneiro da Nouvelle VagueDo G1

 

Jean-Luc Godard, morto nesta terça-feira (13) aos 91 anos, foi um cineasta franco-suíço que esteve entre os criadores do movimento de vanguarda Nouvelle Vague (“nova onda”, em tradução literal), que ousou ao criar uma nova estética na linguagem cinematográfica a partir do final da década de 1950. Considerado uma lenda do cinema autoral, influenciou gerações de cineastas.

Ao lado de nomes como François Truffaut, Alan Resnais, Claude Chabrol, Agnès Varda e Éric Rohmer, Godard levou, com a Nouvelle Vague, a busca pela quebra da linearidade no modo de se filmar, com forte influência da época dos movimentos estudantis do conturbado maio de 1968.

Cortes bruscos, câmera em mãos e diálogos existenciais são algumas das características que definem a estética do movimento.

Crítico de cinema e criador de obra-prima

Antes de começar a filmar, Godard escreveu para a revista de crítica cinematográfica “Cahiers du Cinéma”. O primeiro longa-metragem de sua carreira, “Acossado” (1960), é considerado uma obra-prima do cinema. O filme, uma produção barata, estabeleceu uma nova definição de cinema moderno.

As obras de Godard não seguiam um gênero definido e criavam uma linguagem própria, juntando o que é considerado alta cultura com a popular, e uma constante crítica à sociedade de consumo.

Anna Karina, que foi esposa e musa de Godard, estrelou vários de seus primeiros filmes.

Nascido em Paris em 1930, Jean-Luc Godard era de uma família franco-suíça, filho de um médico e neto de um dos fundadores do banco francês Paribas.

Citado por Legião Urbana e Paralamas do Sucesso

“Eduardo e Mônica trocaram telefone, depois telefonaram e decidiram se encontrar. O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver um filme do Godard”, diz a letra.

O cineasta também é citado na faixa “Selvagem”, dos Paralamas do Sucesso.

“O governo apresenta suas armas // Discurso reticente, novidade inconsistente // E a liberdade cai por terra aos pés de um filme de Godard”.

70 anos de carreira e mais de 40 longas

Godard, que na juventude abandonou a faculdade de antropologia para fazer cinema, seguiu carreira como premiado diretor até os últimos anos de sua vida, tendo em seu currículo clássicos como “Acossado” (1960), “Viver a Vida” (1962), “Alphaville” e “O Demônio das Onze Horas”, ambos de 1965, “Week-End à Francesa” (1967), “Carmen” (1983), “Eu Vos Saúdo Maria” (1985) e “Adeus à Linguagem” (2014).

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Ao longo de quase 70 anos de carreira, o cineasta produziu mais de 40 longas-metragens, numerosos curtas, documentários experimentais, ensaios cinematográficos e vídeos de música.

Em 2014, Godard ganhou o prêmio do júri do Festival de Cannes por “Adeus à Linguagem”. Em 2018, concorreu pela Palma de Ouro em Cannes com “Imagem e Palavra”, uma reflexão sobre o cinema e o mundo.

Além de vários Ursos em Berlim e Leões em Veneza, ele recebeu homenagens pelo conjunto de sua obra em premiações como o César, o Oscar e em Cannes.

Em março de 2021, então com 90 anos, ele anunciou que faria mais dois filmes antes de se aposentar.

Seu filme mais recente, “Imagem e Palavra (The Image Book)”, foi lançado em 2018 durante o Festival de Cannes.

Veja vídeo sobre Godard na coluna de Nelson Motta, no Jornal da Globo, em 2021:

https://globoplay.globo.com/v/9146974/