Publicado às 05h desta terça-feira (10)

O movimento ‘Acorda Serra’, formado por profissionais liberais de Serra Talhada, surpreendeu os vereadores durante a sessão ordinária da Câmara Municipal nessa segunda-feira (9).

Integrantes do grupo utilizaram a tribuna e revelaram que – ao contrário do que vinha sendo apregoado por parlamentares governistas e os proprietários da Clínica São Francisco – não haveria ingerência política para travar a instalação do serviço no município, quando na verdade, falta ao Hospital São Francisco cumprir diversas exigências técnicas.

Segundo o grupo, após um minuncioso trabalho de investigação, a Clínica São Francisco deixou de obedecer cerca de 70% de um protocolo de exigências feitas pelo Governo do Estado para a liberação e pleno funcionamento de um setor de oncologia na unidade.

Com isso, a denúncia joga por terra o discurso dos médicos Nena Magalhães e Rogério Brandão, os quais garantem que a clínica cumpre todos os requisitos para receber o convênio milionário junto ao SUS.

“Nos venderam uma imagem que não existia. Não estou fazendo aqui defesa do governo do estado, mas faltou fazer o dever de casa para que a oncologia funcionasse em Serra Talhada”, disse o professor e ex-vereador Ari Amorim, um dos integrantes do movimento.

Já o comissário de Polícia, Cornélio Pedro da Costa, relatou que as exigências da Secretaria Estadual de Saúde estão postas desde julho do ano passado e nada foi feito pela Clínica São Francisco.

O radialista Jô Alves, que também utilizou a tribuna, lamentou que a verdade não veio à tona durante toda as atividades do movimento ‘Oncologia Já’, que reuniu o médico Nena Magalhães e o proprietário de uma clínica privada.

REAÇÃO DOS VEREADORES

Com essa polêmica, a ‘saia justa’ ficou para os vereadores de Serra Talhada.

Na prática, o movimento “Acorda Serra” acabou fazendo o trabalho de fiscalização que deveria ter sido feitos pelos parlamentares, que preferiram o discurso fácil de culpar o governo de Pernambuco e o deputado federal Sebastião Oliveira.

“Ficamos surpresos também quando vimos os documentos com as exigências. Mas não vamos parar e não vamos nos calar”, justificou o presidente da Cãmara, Nailson Gomes.

Já o vereador Zé Raimundo foi enfático. “Se o movimento foi usado nesta questão, nós também fomos usados. Agora, em momento algum houve uma nota pública (do estado) publicando as exigências”, reforçou.

Por outro lado, tanto os vereadores como o “Acorda Serra” criticaram o governo Paulo Câmara por anunciar, de última hora, que os serviços de oncologia seriam instalados no futuro Hospital Regional do Sertão, que sequer saiu do papel.