Do JC Online

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) protocolou nesta quarta-feira (12) o pedido de prisão preventiva do médium João de Deus. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do médium. A medida foi tomada cinco dias depois de virem à tona denúncias de abusos sexuais. O pedido ainda precisa ser aceito pela Justiça. Ele é alvo de centenas de denúncias de mulheres que relatam ter sofrido abuso sexual durante as sessões particulares do centro espiritual.

As vítimas seriam mulheres que teriam buscado tratamento espiritual com o médium. Até a terça-feira (11), mais de 200 mulheres de mais de oito Estados haviam procurado o Ministério Público para denunciar abusos.

Na manhã desta quarta-feira (12), o médium fez uma visita tumultuada no Centro Dom Inácio de Loyola. Num rápido pronunciamento, disse que era inocente e que estaria à disposição da Justiça. Foi a primeira aparição pública do médium depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual.

As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30, cerca de 400 pessoas – incluindo crianças e duas pessoas de cadeiras de rodas – aguardam a chegada do líder espiritual. Isso representa um terço do movimento habitual.

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“Quero cumprir a lei brasileira”

João de Deus apareceu pela primeira vez nesta quarta-feira desde que as denúncias vieram à tona, no final de semana.

Ele chegou na Casa Dom Inácio de Loyola, por volta das 9h30, espécie de hospital espiritual criado por ele em Abadiânia, no interior de Goiás. Ele foi recepcionado pelos fieis com aplausos.

“Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da lei. João de Deus ainda está vivo”, disse ao público. Na saída, que ocorreu menos de dez minutos após chegar ao local, afirmou a jornalistas que era inocente.

Mais de duas centenas de mulheres já denunciaram

Levantamento mais recente do Ministério Público de Goiás (MP-GO) mostra que 206 mulheres entraram em contato com o órgão para relatar denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. Duas vivem no exterior, uma nos Estados Unidos e outra na Suíça. O MP-GO abriu um canal direto para as denúncias.

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De acordo com as informações divulgadas às 17h desta terça-feira (11), 156 denunciantes fizeram contato por meio do canal criado exclusivamente para este fim, pelo e-mail [email protected].

As mulheres se identificaram como sendo de dez estados: Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O Ministério Público de Minas Gerais informou que fez dois atendimentos hoje. A orientação é no sentido de que a denunciante procure o Ministério Público de seu estado, que ficará responsável por colher depoimentos.

As provas serão enviadas para força-tarefa do Ministério Público de Goiás, que reúne cinco promotores de Justiça e duas psicólogas.

Filha é uma das supostas vítimas

Entre as dezenas de mulheres que denunciaram o médium João de Deus por assédio sexual, está a própria filha dele, Dalva Teixeira. Segundo a Revista Marie Claire, ela denuncia que foi estuprada diversas vezes pelo pai quando ainda era criança. Ainda conforme a reportagem, Dalva está escondida por motivo de segurança, e é representada pelo Advogado Marcos Bocchini em um processo movido neste ano e que corre sob sigilo da Justiça de Goiás.

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Por não manter contato com a imprensa, Dalva está sendo representada por Sabrina Bittencourt, ativista social pelos direitos humanos e Doutora Honoris Causa por seu trabalho humanitário pela UCEM – Universidad del Centro, no México, que age juntamente com o advogado em favor da vítima. Segundo ela relatou à Marie Claire, os filhos de Dalva entraram com um processo contra o avô em 2017 para tentar atenuar o sofrimento da mãe, mas foram coagidos – na mesma época – a gravar um vídeo desmentindo a acusação de abuso.

Este vídeo, gravado há um ano, foi publicado nesta terça-feira (11) no Instagram do médium, como se fosse atual, após a repercussão da notícia. A declaração de Dalva no vídeo aconteceu após ela ser coagida pelo pai a desmentir a denúncia, conforme relata a ativista Sabrina.