Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Por Diário de Pernambuco

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), informou, por meio de nota, que, no momento, há cinco inquéritos policiais abertos contra o padre Airton Freire, em razão da identificação de outras vítimas, que relataram também terem sido vítimas de violências sexuais e que estão sob investigação.

O MPPE disse que tem adotado “medidas cautelares em procedimentos dessa natureza, especialmente com a elucidação de mais de um caso”, principalmente para “afastar os riscos de reiteração delitiva; bem como assegurar proteção às vítimas que procuraram o estado para relatarem fatos criminosos contra suas dignidades sexuais”, e que “tem feito exame criterioso dos elementos de prova até então colhidos e pauta-se pelas normas internas e internacionais inseridas no sistema jurídico pátrio, preocupado principalmente com os direitos humanos e com as medidas necessárias para resguardar e evitar revitimizações”, completou.

Na manhã desta sexta-feira (14), o padre Airton Freire, de 67 anos, criador e líder de um dos principais movimentos sociais do estado, a Fundação Terra, foi preso em Arcoverde, Sertão do estado. Ele estava afastado das atividades religiosas desde que a personal stylist Silvia Tavares de Souza acusou o sacerdote de participar de um estupro sobre o qual ela denunciou ter sido vítima, em agosto de 2022.

A Polícia Civil comunicou que além da prisão preventiva do sacerdote, houve ainda o cumprimento de mandado de busca e apreensão no mesmo município (Arcoverde) dentro das diligências do caso. As ações foram realizadas com o apoio da Polícia Civil do Ceará e da Polícia Rodoviária Federal – PRF. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), afirmou que “os processos de apuração dos crimes contra a dignidade sexual devem correr integralmente em segredo de justiça, preservando-se a intimidade da própria vítima”.

No dia 30 de maio, o padre foi suspenso pela Diocese de Pesqueira, no Agreste do estado. No dia 31 do mesmo mês, Silvia Tavares foi ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, para pedir à governadora Raquel Lyra (PSDB) a conclusão da investigação do caso. Lá ela foi recebida pela Secretaria da Mulher.

A denúncia de Silvia foi feita à delegacia da Mulher do Recife, em outubro de 2022, mas o caso só se tornou público no dia 5 de maio deste ano, quando ela revelou o ocorrido em uma entrevista a um programa jornalístico de Carpina, que é exibido em um canal do Youtube. Na entrevista, ela contou que era frequentadora de retiros espirituais organizados pelo padre Airton desde 2019. A mulher disse ainda que conheceu o religioso quando buscava ajuda espiritual para tratar uma depressão. Procurada por nossa reportagem, a mulher disse que não poderia comentar sobre as atualizações do caso.

A defesa do padre Airton, alegou que ficou surpresa com “a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote. O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde. Eles ainda reforçam que esta decisão ignora que o padre já tinha se afastado das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, que segundo eles, não interferiu nas investigações.

A Fundação Terra também se manifestou e disse que “é um processo duro, que tem sido dificultado por alguns atores que talvez estejam agindo movidos por interesses nada nobres. Mas a luz, sabemos, se sobrepõe sempre às trevas da ignorância”, e completou dizendo que “as obras sociais da Fundação Terra serão mantidas em benefício daqueles que precisam e que são o nosso principal motivo de preocupação”.