selo-farolFoto: Farol de Notícias / Alejandro García

“Eu sempre dizia aos pais dos meus alunos que os artistas não morrem, eles perpetuam”. A frase poderia ter vindo de um escritor renomado, mas foi uma das delicadas declarações da senhora Maria dos Anjos, 84 anos, ex-professora de Artes na antiga escola Pequeno Príncipe, que alimenta em si uma alma de artista. Natural de Betânia, a senhora mostra muita vitalidade e sensibilidade para costurar, pintar e cozinhar. É uma exímia leitora e agora na ‘melhor idade’ começou a escrever poesia. Em conversa com o FAROL, dona ‘Anjinha’ revelou que o mote para o poema veio da sua insatisfação com a política nacional e as epidemias provocadas pelo mosquito Aedes aegypti.

“Eu me casei com meu ex-cunhado, tive duas filhas e ele já tinha três filhas que eu ajudei a criar. Hoje Dalma e Dicíula são professoras também. Eu dava aula de artes e ensinava crochê, bordado, de um tudo e sempre gostei muito de ler, sempre li de um tudo e até hoje leio. O que mais marcou minha vida é porque eu sempre quis estudar, mas meus pais agricultores não podiam, eu me emociono. Era muito desenvolvido no estudo e quando eu terminei o estudo no ensino fundamental minhas colegas saíram todas para estudar e eu não pude, até me emociono quando lembro dessa época. Prometi que minhas filhas iam estudar e assim eu fiz”, relembrou.

Maria dos Anjos contou que a faz parte do Folhas Outonais, tocava na banda com as outras companheiras e sempre faz os seus figurinos das apresentações. Para ela, a’ inspiração’ poética foi um desabafo em relação à tantos problemas que o país tem enfrentado. “Um dia eu perdi o sono e não vou ficar aqui sem fazer nada. Isso foi mesmo na época em que tinha aquelas coisas de Dilma e desse mosquito que está acabando com a gente, então comecei a rabiscar para lembrar no outro dia. Tive uma inspiração e resolvi escrever. Sintetizei a história do mosquito com o PT. Tudo que eu pegava eu transformava em algo, até hoje é assim”.

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Dona Anjinha mostra com orgulho umas das peças que ela mesma fez para as apresentações do Folhas Outonais

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Os olhos cansados que já leram e viram muito desse mundo exitam em frente ao papel cheio de versos

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