"Mussum - O Filmis" conta a história do homem por trás de Mussum

Da Folha de PE

O papel inesquecível no clássico programa de comédia “Os Trapalhões”, ao lado de Didi, Dedé e Zacarias, é um dos motes do filme “Mussum, O Filmis” – com estreia nos cinemas a partir desta quinta-feira (2).

Mas o longa, dirigido por Sílvio Guindane e roteiro assinado por Paulo Cursino, também se direciona a Antônio Carlos Bernardes Gomes e sua história, iniciada em uma comunidade do Rio de Janeiro como filho de uma empregada doméstica que, como acontece em boa parte da realidade do Brasil, lutava diariamente para dar ao filho uma oportunidade de futuro.

Com o ator Ailton Graça no papel principal, o longa “invade” as telonas  depois de se sagrar vencedor no 51º  Festival de Gramado, realizado no último mês de agosto, de onde saiu com seis Kikitos – incluindo Melhor Filme pelo júri oficial e pelo júri popular.

Como intérprete de um dos nomes áureos do humor dos anos de 1970/1980, Graça também deu vida – e de forma incontestável – ao Antônio Carlos de “Os Originais do Samba“, um dos mais tradicionais grupos de “samba raíz” formado na década de 1960 nas rodas de samba do Rio de Janeiro.

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Mussum em três fases
Distribuído em três fases, a cinebiografia “Mussum, O Filmis” dá o start na história de Mussum a partir de sua infância com Thawan Lucas no papel. Já a juventude ganha a interpretação de Yuri Marçal e, por fim, Ailton Graça dá vida ao ator no auge da carreira. Cacau Protássio, Neusa Borges e Cinnara Leal também integram o elenco do filme.

Ao passear pela história do artista, outras figuras importantes na vida de Mussum marcam presença. Na música, Elza Soares e Cartola são destaques trazidos à tona no longa. Já na televisão, Chico Anysio se destaca.

"Mussum - O Filmis" conta a história do homem por trás de MussumCrédito: Divulgação

Filme premiado
“Mussum – O Filmis” ganhou destaque após as premiações na 51ª edição do Festival de Gramado. Além do troféu principal de Melhor Filme, foram entregues também troféus para Ailton Graça e Yuri Marçal.

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A veterana Neusa Borges também levou a estatueta para casa como Melhor Atriz coadjuvante por interpretar Dona Malvina, mãe de Mussum – papel que foi dividido com a atriz Cacau Protásio. O filme foi contemplado também pela Melhor Trilha Musical.

Mussum, de onde vem o apelido?
Apesar da carreira brilhante marcada por talento e carisma, a história de Antônio Carlos, o Mussum, foi marcada pelo racismo – tal qual outras tantas histórias cotidianas, de pessoas pretas.

Desde o início, na TV Tupi, “Os Trapalhões” faziam sucesso, mas a conquista do País veio em 1977 com a estreia na TV Globo – ocasião em que o programa passou a ser exibido em horários nobre da emissora, aos domingos à noite.

Semanalmente, esquetes traziam tramas que não tinham tanta conexão umas com as outras, mas os temas eram semelhantes com paródias de outras histórias ou personagens bolando formas de ganhar alguma coisa.

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Mas, uma temática recorrente e que ficou na memória coletiva de quem assistia, foram as piadas com teor racista. A carga de estereótipos negativos associados à negritude refletia o chamado “racismo recreativo“, presente nos programas, inclusive, com o nome  de “Mussum” – que tem origem pejorativa, fato que é explicado no enredo.

O próprio Antônio Carlos se opôs a esse tipo de conteúdo em diversas ocasiões ao longo das décadas de programa, fato narrado por Juliano Barreto, autor do livro “Mussum – Uma História de Humor e Samba” – principal material usado na criação do filme, inclusive.

E por conta disso, existe uma certa expectativa por trás do longa, que é a abordagem de questões que na época do auge de “Os Trapalhões” passavam alheias, ofuscadas pelo humor quarteto que decerto, nos dias atuais, causariam menos risos e mais questionamentos, tais quais os que são trazidos em “Mussum, O Filmis“.