Do G1

 

A Nasa, a agência espacial norte-americana, divulgou nesta quarta-feira (31) a sonificação de algumas das imagens observadas pelo supertelescópio James Webb.

O processo acontece quando cientistas usam programas de computador e linguagem de programação para “traduzir” informações não audíveis pelo ser humano (nesse caso, dados astronômicos) em uma onda sonora perceptível aos nossos ouvidos.

“A música toca nossos centros emocionais”, disse Matt Russo, músico e professor de física da Universidade de Toronto, nos Estados Unidos.

“Nosso objetivo é tornar as imagens e os dados do Webb compreensíveis por meio do som – ajudando os ouvintes a criar suas próprias imagens mentais”.

Segundo a Nasa, o processo de sonificação das imagens envolveu uma equipe de cientistas, músicos e uma pessoa com deficiência visual que trabalhou para adaptar os dados do Webb.

Mas, diferentemente do som de um buraco negro divulgado pela agência espacial em maio, esses áudios não são os sons reais dos objetos astronômicos.

Ao g1, a astrofísica da USP, Catarina Aydar, explica que qualquer imagem pode ser transformada em áudio, não só aquelas astronômicas.

“É uma tradução do espectro da luz pra um espectro sonoro. Como são dois tipos de onda, dá pra converter um no outro, mas não necessariamente esse som está de fato rolando lá”, diz a especialista.

Nebulosa do Anel Sul

A foto da Nebulosa do Anel Sul foi uma das imagens traduzidas em som pela agência espacial.

A Nasa explica que, nessa sonificação, as cores das imagens foram traduzidas para alguns tons sonoros – frequências de luz foram convertidas diretamente em frequências de som.

No início da faixa de áudio, a luz infravermelha próxima é representada por uma faixa de frequências mais alta. Na metade dele, porém, as notas mudam, ficando mais baixas de forma geral para refletir que o infravermelho médio inclui comprimentos de onda mais longos de luz.

Essa grande nuvem de poeira cósmica foi uma das primeiras imagens divulgadas pelo supertelescópio, em julho deste ano. E não foi à toa que a Nasa escolheu essa formação.

“Olhar para essa nebulosa é como se estivéssemos olhando para o futuro do Sol. O Sol vai se transformar em uma nebulosa planetária [uma nuvem de gás em expansão que cerca uma estrela no fim de sua vida] como essa”, disse à época ao g1 o astrofísico Rogemar Riffel, da Universidade Federal de Santa Maria.

Nebulosa de Carina

A Nebulosa de Carina, por vezes chamada de Nebulosa de Eta Carinae, é o “contrário” da Anel Sul, conta Riffel: ela é uma região de formação de estrelas.

Segundo a agência espacial norte-americana, esta é uma das maiores e mais brilhantes nebulosas do espaço, localizada a aproximadamente 7,6 mil anos-luz de distância, na constelação sul de Carina.

No processo de sonificação, os “Penhascos Cósmicos” que formam a Nebulosa é que foram mapeados para uma sinfonia audível.

“O gás e a poeira que ficam na metade superior da imagem são representados em tons de azul e sons de vento, semelhantes ao de drones. A metade inferior da imagem, representada em tons avermelhados de laranja e vermelho, tem uma composição mais clara e melódica”, explica a Nasa.

Fora isso, as luzes mais brilhantes na mesma imagem representam sons mais altos e, dependendo de onde elas estão estacionadas, a frequência também muda.

A Nasa também explicou que as áreas mais obscurecidas pela poeira que aparecem mais na parte de baixo da imagem são representadas por frequências mais baixas e notas mais claras e não distorcidas.

“Essas composições fornecem uma maneira diferente de experimentar as informações detalhadas nos primeiros dados do Webb”, acrescentou Quyen Hart, cientista do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial em Baltimore, nos Estados Unidos.

“Nossas equipes estão comprometidas em garantir que a astronomia seja acessível a todos”.

Créditos: Imagem: NASA, ESA, CSA e STScI; Produção de acessibilidade: NASA, ESA, CSA, STScI e Kimberly Arcand (CXC/SAO), Matt Russo e Andrew Santaguida (SYSTEM Sounds), Quyen Hart (STScI), Claire Blome (STScI) e Christine Malec (consultora).

Créditos: NASA, ESA, CSA e STScI; Produção de acessibilidade: NASA, ESA, CSA, STScI e Kimberly Arcand (CXC/SAO), Matt Russo e Andrew Santaguida (SYSTEM Sounds), Quyen Hart (STScI), Claire Blome (STScI) e Christine Malec (consultora).