dio come tiPor Adelmo Santos, escritor e poeta serra-talhadense

No final da década de 60 eu não estou lembrando o ano, em frente do Cine Art, na Rua Agostinho Nunes Magalhães, quem passava na calçada ficava olhando os cartazes com muita gente parando para ver e comentar o filme que estava passando. A atração do momento era: “Dio Come Ti Amo”. Os casais de namorados iam chegando e entrando. Zé Pinguinha e Margarida foram assistir ao filme, Zé Pinguinha ia na frente e Margarida ia atrás, as pessoas só sabiam que os dois eram um casal de namorados por causa das suas brigas.

Os dois andavam brigando, enquanto Zé Pinguinha xingava Margarida, Margarida respondia revidando, na mesma altura que Zé Pinguinha ia falando. Um xingava de ‘morrinha’ e o outro de ‘postema’, era assim que os dois iam à caminho do cinema. Margarida estava linda com seu vestido de chita calçando uma sapatilha cor de rosa, tinha os cabelos enrolados presos com bobes e biliros. Zé Pinguinha, cabeludo, passando a mão na barbicha, de alpercartas xô boi se sentindo na estica. Era um filme romântico, era “Dio Come Ti Amo” com a cantora Gigliola Cinquetti, um romance do cinema italiano. Um filme que na época levou muita gente às salas de cinemas.

A música também embalou o romance e os bailinhos de muitos jovens no final dos anos 60. Nesse filme a cantora italiana, Gigliola Cinquetti, interpreta uma bela e inocente jovem de família pobre que se apaixona pelo noivo rico de sua melhor amiga.

Mesmo com o filme romântico tendo cenas de amor, com os autores se beijando, quando terminou o filme Zé Pinguinha e Margarida voltavam pra casa, ainda brigando. Era assim que o casal levava a vida se amando. Difícil era entender como um casal desse jeito tinha um filho a cada ano.