Nos tempos dos bons carnavais em Serra TalhadaPublicado às 05h49 desta sábado (26)

Por Maria Edwirgem, professora serra-talhadense

O Emudecer dos Surdos

Nos menores frascos estão os melhores perfumes”

Iniciamos com um conhecido chavão, comum, mas significativo, como também eram as letras das antigas marchinhas de Carnaval, para definir o mês de fevereiro, o mais compacto de todos e paradoxalmente o mais largo e mais gigante em emoções, tal qual a dimensão do Galo da Madrugada.

A Quarta-feira de Cinzas vai chegar e não veremos os desfiles, com suas fantásticas alegorias, não ouvimos a afinação da percussão das baterias nem os sons alucinantes dos trios elétricos, nem percebemos o brilho no olhar e ansiedade de destaques ou figurantes, tudo apático, sem evolução.

E nesse impasse, nos encontramos sem confetes, serpentinas, glitters, sem plumas ou paetês, em evidência mesmo só os blocos da saudade e as memórias tão claras como o som dos clarins e metais análogos, do Vermelho e Branco, aos sábados, no Batukão, e das terças efervescentes regidas pela batuta do fabuloso Maestro Nogueira, dos performáticos grupos que arrancavam risos fáceis e críticas fervorosas ao invadirem a Praça Sérgio Magalhães.

Saudade de uma época que a máscara era uma tendência, um acessório de luxo, sinônimo de glamour e fetiche. Nem em tempos mais tenebrosos pensaríamos na obrigatoriedade e necessidade do seu uso, de todos os estilos, simples e vital.

Mas contrariando as expectativas, as batidas do coração, sem ensaios, continuam em perfeita harmonia celebrando a vida com louvor, que tamanha satisfação é referenciar tantos e amados aniversariantes: pai (in memorian) irmã, sobrinhos, afilhados, amigos e filha, são presentes e presenças, bênçãos e esperanças, compondo um belo e inspirador samba-enredo!

Sendo assim, há festas, literalmente intrínsecas, onde a aglomeração de sentimentos é intensa! Um misto de euforia e mansidão invade minha alma e faz morada em meu viver, o encantamento persiste e o distanciamento aceito é o da falta de fé…falta de amor!

” Como será o amanhã, responda quem puder…”