Por Dani Cardoso e Giovanni Sá Filho

A chapa vitoriosa do Sintest (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Serra Talhada), comandada pela professora Veraluza Nogueira, alertou – em entrevista ao Farol de Notícias, nesta terça-feira (2) – que o Sintest está passando por uma tentativa descarada de golpe por parte da chapa derrotada, a qual tem o ex-presidente Júnior Moraes como liderança.

Veraluza alega que o golpe está sendo deflagrado buscando usar das vias legais,  tentando judicializar a posse da nova chapa junto ao Ministério Público.

Veraluza e membros da chapa vitoriosa recorreram ao Farol para expor publicamente a gravidade do que está acontecendo e disse que irá processar todos os envolvidos nessa tentativa de minar o resultado de um processo democrático que elegeu a nova diretoria por 229 votos.

A suspeita dos membros da nova diretoria é de que tudo isso tenha sido orquestrado por um grupo que tem interesse em permanecer no poder à frente do Sintest, no qual o ex-presidente, Junior Moares, seria o grande beneficiado.

“Eles se combinaram todo mundo para fazer isso. Isso é golpe!”, bradou uma das novas diretoras em conversa com o Farol.

PORTAS FECHADAS

Na manhã desta terça-feira (2), a nova diretoria eleita do Sintest teve uma surpresa desagradável ao chegar na sede da instituição para a posse da chapa vencedora. Todos encontraram as portas fechadas.

De acordo com a presidente eleita, foram realizadas algumas tentativas para estabelecer o diálogo com o ex presidente Júnior Moraes e em todas elas, Junior teria alegado indisponibilidade.

Veraluza Nogueira afirma que não houve reuniões transitórias para que os assuntos e as atividades do Sintest fossem repassados para a nova diretoria numa clara tentativa de dificultar o processo de transição.

“Desde da semana passada que eu venho tentando entrar em contato com ele para a gente falar uma vez. Eu poderia vir na hora que ele chamasse. Eu fiquei aguardando 2 ou foi 3 vezes que eu vim no Sintest. Todas as vezes que eu vim, mesmo ele ainda sendo presidente, encontrava fechado o Sintest. Nunca tinha diálogo”, afirmou Veraluza.

Vera  explicou que no dia 31 de dezembro, Junior Moraes firmou compromisso em empossá-la naquele mesmo dia. Depois de esperar o retorno de Moraes durante todo o dia, Veraluza foi avisada pelo ex-presidente que ela só tomaria a posse após a Justiça resolver as questões da desistência de 6 membros da chapa vitoriosa.

DESISTÊNCIA DE MEMBROS DA CHAPA

Seis membros da chapa eleita para o biênio 2024-2026 do Sintest teriam renunciado ao mandato na última quinta-feira (28).

Em contato com o Farol, com exclusividade, a vice-presidente da chapa, Luciene Alves Pereira, comentou a decisão do grupo.

Um dos principais motivos para a renuncia coletiva apresentada seria a falta de comunicação com a presidente, Veraluza Nogueira, que estaria tomando decisões isoladamente.

“Quando foi essa semana, 4 pessoas se reuniram com a comissão [eleitoral] e apresentaram uma desistência, alegando que eu não tinha feito nenhum contato, nenhuma reunião com elas. Como é que eu vou fazer reunião com minha comissão, com os meus diretores, num Sintest que eu só encontro fechado. Então eu aguardei Júnior me chamar primeiro e eu tomar posse para podermos agir. Eu imaginei o seguinte, nós tomamos posse de manhã, à tarde eu já faço uma reunião pra gente encaminhar os nossos trabalhos, as nossas responsabilidades”, esclareceu Vera.

FALSIFICAÇÃO DE ASSINATURA

A presidente eleita explicou que no documento de desistência há a assinatura de apenas 4 membros, pois as duas outras assinaturas não foram feitas pelas titulares dos cargos.

Ela identificou que assinaturas partiram de outras desistentes, sem nenhum tipo de procuração ou autorização legal expressa para que elas assinassem no lugar das outras pessoas.

Um dos representantes da Comissão eleitoral do Sintest, Lecildo Gonzaga, afirmou que a posse só poderá acontecer depois de ter resolvido no Ministério Público a questão da desistência dos 6 membros da chapa.

Lecildo alega que a chapa precisa estar com 9 integrantes para que a nova diretoria assuma a gestão.

Entretanto, Veraluza afirma que já chamou as outras suplentes para reorganizar o quadro diretório, pois no documento de registro da chapa conta 14 nomes, o que seria suficiente para suprir a vagas das que desistiram.

Perguntado sobre um aparato legal para que a comissão eleitoral fique com a chave do sindicato, Lecildo informou que maiores detalhes serão respondidos pelo presidente da Comissão.

O Farol buscou contato com o presidente da Comissão, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta. Também tentamos contato com o ex-presidente Júnior Moraes, mas não tivemos retorno.

O QUE DIZ O ESTATUTO DO SINTEST?

O Farol de Notícias  teve acesso ao estatuo do Sintest e verificou não haver disposição sobre a chave do sindicato ficar sob a posse da comissão eleitoral.

Além disso, o art. 17 do estatuto afirma que “Na hipótese de renúncia coletiva dos membros da diretoria do sindicato e na ausência de seus suplentes legais para assumirem o mandato, esta será considerada destituída”.

O próximo parágrafo afirma que  novas eleições devem ser realizadas no prazo máximo de 30 dias, após esta ser aprovada em uma assembleia geral extraordinária.

CRIME DE FALSIFICAÇÃO E AUDITORIA NO SINTEST

Veraluza informou que se conseguir tomar posse entrará na Justiça contra as desistentes que assinaram o documento no lugar dos outros membros da chapa, pelo crime de falsificação de assinatura.

As servidoras que tiveram suas assinaturas reproduzidas, explicaram que não compareceram a reunião de desistência, pois nenhum momento decidiram desistir de seus cargos.

Vera ainda afirmou que tomando posse ou não, ela pedirá uma auditoria dentro do sindicato para investigar a situação.