Da Revista Extra
Mesmo quando já não se mexia, João Alberto foi mantido imobilizado por mais um minuto e meio, enquanto sua companheira, Milena Borges Alves, pedia que os seguranças Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, que também é policial militar, o soltassem para que ele pudesse respirar. A vítima morreu por asfixia. Os seguranças estão presos pelo crime. O advogado de Silva classificou o caso como “um acidente”.
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As imagens foram gravadas por uma cliente do mercado e estão sendo analisadas pela Polícia Civil, que tenta elucidar o que gerou o cerco a João Alberto ainda nos caixas do estabelecimento, sua condução pelos seguranças até o estacionamento e o início das agressões. Em outro momento, o terceiro funcionário se aproxima de João Alberto agonizante e fala: “Aí, rapaz, sem cena, tá?”
Ao menos em um dos depoimentos há relato de que vítima e assassinos já se conheciam. É o que revela o testemunho da agente de fiscalização do Carrefour Adriana Alves Dutra. À polícia, ela afirmou que ouviu de uma funcionária da loja que já havia presenciado “atrito com fiscais” e João Alberto.
Entenda o caso
Ontem foi o terceiro dia de protestos pelo país. No Rio, cerca de 150 manifestantes protestaram contra o assassinato de João Beto, em frente ao supermercado Carrefour do Norte Shopping. O grupo se reuniu às 14h e seguiu pelos corredores e pela Avenida Dom Hélder Câmara. A Polícia Militar acompanhou a caminhada, encerrada às 17h40 sem episódios de violência.
Os ativistas levavam faixas com os dizeres “vidas negras importam” e “parem de nos matar”. Outra dizia: “Justiça para Beto! Carrefour tem as mãos sujas de sangue negro. Fora Bolsonaro e Mourão”. Na véspera, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que tensões raciais são importadas e “alheias” à história do país, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, lamentou a morte, mas afirmou que não há racismo no Brasil.
Programa antirracista exclui Carrefour
A rede Carrefour foi desligada por tempo indeterminado da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, projeto que reúne 73 organizações signatárias, como Coca-Cola e Microsoft, após o assassinato de João Alberto Silveira Freitas.
Em nota divulgada em seu portal, a Iniciativa expressou “profunda repulsa” pelo crime cometido contra o homem negro de 40 anos, “repudiando com todas as forças” o ocorrido.
“É criminoso um ambiente empresarial em que um cidadão entre para fazer uma compra e saia morto. E são coniventes todos aqueles que se omitiram e não tomaram as medidas para que essa morte fosse evitada. Inclusive os que se calam”, disse a nota da Iniciativa.
O Carrefour afirmou que está em contato com a Iniciativa e que pretende continuar aprendendo e colaborando com as demais empresas signatárias do pacto.
“Estamos em contato para estabelecer um diálogo, reforçar nosso compromisso com a pauta antirracista, apresentando as iniciativas de diversidade e inclusão que realizamos e traçar um plano com ações afirmativas que contribuam para que situações como estas não voltem a acontecer”, disse a empresa, em nota.
O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou em rede social que a morte de João Alberto foi um “ato horrível” e que as as imagens são “insuportáveis”. Ele disse que pediu “uma revisão completa das ações de formação de colaboradores e terceirizados em questões de segurança, respeito à diversidade e valores de respeito e repúdio à intolerância”.
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