Números da eleição para Presidente da República; por Jorge Apolônio

Publicado às 05h56 desta sexta-feira (7)

Por Jorge Apolônio, membro da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL) e policial federal

E eis que, no primeiro turno da eleição presidencial de 2022, Lula com 57.259.504 votos saiu na frente de Bolsonaro, que somou 51.072.345 votos, o que dá uma diferença de 6.187.159 votos, ou seja, 5,23%.

É uma diferença considerável? Sim, é. Mas é uma diferença intransponível para Bolsonaro? Em tese, não, se considerarmos que o universo de votantes é de 156.000.000. Além dos votos em branco e nulos (cerca de 5,4 milhões em 2022, média de 4,41%), outro problema é a abstenção. Cerca de 31 milhões de eleitores ou 20,89%, quase 21%. Ou seja, de cada 4 eleitores, 1 não foi voltar ou foi, mas votou nulo ou em branco. Isso derruba o universo de votos válidos para cerca de 117.000.000. Se os dois primeiros colocados já abocanharam 108.331.849, restam 8.668.151 eleitores, em tese, para Bolsonaro tirar a diferença acima. Esses eleitores são os que votaram basicamente em Simone Tebet e Ciro Gomes.

Como se vê, há eleitores suficientes para eliminar a diferença e até vencer o nº 1. O grande desafio é convencer pelo menos um terço desses abstêmios a ir votar e, mais que isso, votar exclusivamente no candidato que está em segundo lugar. É um desafio hercúleo.

Nas mídias sociais, o Nordeste tem sido responsabilizado por Bolsonaro ter ficado em segundo lugar no primeiro turno, mas, analisando desapaixonadamente os números, percebe-se que, no Nordeste, Bolsonaro teve 1% a mais de votos que no primeiro turno de 2018. Só a Paraíba é que deu menos. A Bahia sozinha foi responsável por 63% da diferença pró-Lula, ou seja, 3.806.000 votos. Na verdade, foi no Centro-Oeste, Sul e Sudeste onde Bolsonaro teve menos votação que em 2018. Realmente o Nordeste pesa forte na eleição de Lula, afinal a região é responsável por 27% do eleitorado nacional, ou seja, um pouco mais de um quarto, e tem votado com média de 67% no barbudo. Mas, se as outras regiões, sobretudo o Sudeste com seus 42%, fizerem valer seu peso em Bolsonaro, este estará eleito.

Segundo o TSE, de Norte a Sul, Lula ganhou em 3.378 (60,6%) municípios, e Bolsonaro, em 2.192 (39,4%). O Nordeste tem 1.793 municípios (32,2% dos municípios do país e 53% dos municípios onde Lula ganhou – se é que ele ganhou em todos do Nordeste).