DSC_0238Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

O choque cultural entre alguns países pode ser mais acentuado para o olhar atencioso das mulheres que chegam ao Brasil. Segundo a médica e terapeuta holística Rosa Lila Cuervas Solís Moraes, 45 anos, natural da cidade de Las Choapas, em Veracruz, México, as mexicanas são mais recatadas e vivem um feminismo de maneira muito particular, diferente da realidade serra-talhadense. O FAROL foi até o espaço Ram de Terapias Integrativas, na Praça Manoel Pereira Lins, e conversou com Rosa, que também realiza massagens e dá aulas de Yoga na Capital do Xaxado. Como a maioria dos demais estrangeiros que vieram para a cidade, a médica também se apaixonou por um cirurgião dentista natural do Ceará que trabalha por aqui. Desde então, há três anos, eles se casaram abençoados pelo calor da terra onde nasceu Lampião.

“Já morei em diversas cidades do México, estudei medicina na Universidad Veracruzana e era clínica geral, me especializei em homeopatia. Trabalhei muito tempo no México como clínica, mas aqui no Brasil comecei a fazer um trabalho de terapias integrativas. Eu cheguei a Serra Talhada porque me casei em 2013. Serra Talhada é uma cidade acolhedora, acolheram minha documentação e consegui me casar no cartório daqui. Meu marido é do Crato e conheci ele pelo Facebook. Tenho dois filhos, um de 22 e outra de 15 que moram no México, tenho casa lá e vou todos os anos a trabalho, mas aproveito e vejo também meus pais e meus irmãos”, detalhou Rosa Lila.

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Admitindo que seu país é historicamente machista, a terapeuta comentou alguns estranhamentos com o comportamento no Brasil. “Temos isso histórico machismo, o homem de bigode e pistola. O pai é o rei da casa e a mulher é ensinada a cuidar da casa, do marido, dos filhos, mas não tem problema se trabalhar. Acreditamos que a mulher deve fazer e servir a comida porque na ponta dos dedos temos uma energia que passamos ao marido e isso o deixa mais tempo em casa. Mas eu estranhei aqui ver mulheres com shorts muito curtos, no México somos recatadas quanto a mostrar pele. Também não falamos tão alto e nem fazemos barraco como pensam”.

De acordo com ela, os sertanejos frequentam muito os postos de saúde e tendem a não acreditar em terapias alternativas. “Sempre que vou trago coisas para cozinhar aqui, principalmente as pimentas. Experimentei muitas pimentas brasileiras, são ardidas mas são ácidas, sentimos o gosto na boca e no estômago. A pimenta no México é mais picante, mas com um pouquinho de sal corta e não é ácida. Também percebi que as pessoas de Serra ainda são muito viciadas em PSF, em remédios e o meu tratamento busca a melhora do paciente do físico, mas também o psicológico e o espiritual, para que a pessoa se sinta bem consigo”, finalizou.

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