Bar do Abrigo nos anos de 1970 e 1980 em Serra Talhada - Foto: Arquivo Pessoal
Bar do Abrigo nos anos de 1970 e 1980 em Serra Talhada – Foto: Arquivo Pessoal

Adelmo Santos, Poeta e escritor, ex-presidente da Academia Serra-talhadense de Letras 

O Bar do Abrigo era de Zé Barros e ficava dentro da Praça Dr. Sergio Magalhães. A foto está mostrando a parte detrás, com a janela de ferro aberta.

Na frente onde tem as colunas, dá para ver apontando uma mesa de sinuca. Por dentro só ficavam os atendentes, os clientes ficavam pelos lados de fora, ou encostados ao balcão.

Nos dias de segundas-feiras juntava muita gente pra falar de futebol e das coisas que aconteciam na cidade durante a semana inteira.

Era o local principal das fofocas e das notícias, lá todo mundo sabia quem era a mulher fuleira, e quem era a nova bicha. Tinha assunto pra tudo, tinha a lista dos veados da cidade e das ribeiras.

A resenha principal era na segunda-feira. As pessoas iam chegando botando os assuntos em dia, falando de futebol das tristezas e alegrias. Era no Bar do Abrigo onde tudo acontecia.

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Eram as notícias do rádio misturadas com as fofocas tomando conta do dia. Tinha sempre um fofoqueiro falando da vida alheia, quem era a mulher bonita ou quem era a mais feia.

Em Serra Talhada não tinha emissora de rádio, não tinha televisão, nem também tinha jornal. Os jornais da capital levavam uma semana para chegar no sertão.

O time do Comercial jogava no campo da várzea empolgando o torcedor com suas grandes jogadas. Levantava a torcida com os dribles de Chico de Roxa, Bico de Aço e os gols de Nego Bria.

Era no Bar do Abrigo que as pessoas se juntavam pra tomar umas e outras derramando as suas mágoas. Todo dia as 18 horas, no alto falante da praça tinha “A Voz da Liberdade”, e a cidade estremecia.

Era um momento de fé, era a hora que Nizinho, rezava a “Ave Maria”. Quando era a festa de setembro as pessoas iam pra praça mostrar suas roupas novas, tiravam fotografias e ficavam dando voltas.

Era o tempo que o povo admirava os monumentos, ficavam fazendo pose pra tirar fotografias registrando esse momento.

Lá na década de 60, pouca gente possuía uma máquina fotográfica, Seu Oliveiro Burrego um fotógrafo lambe-lambe, ele era conhecido como o fotógrafo da praça.

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