Publicado às 06h40 deste domingo (15)

Por Adelmo Santos, Poeta e escritor membro da Academia Serra-talhadens de Letras (ASL)

Nós somos do “Brasinha”, um time de futebol de campo que tinha na Rua da Boa Vista, em Serra Talhada, em 1973. Nessa foto estão faltando os outros jogadores. Nós cinco resolvemos tirar esse retrato separados, num jogo em São Serafim.

Em pé da esquerda para a direita: Gilson Pereira, Galo Cego e Damião. Agachados: Cuequinha e (eu), Adelmo da Favela. Esse campo ficava próximo ao Rio Pajeú, que está ao fundo da foto. Foi numa época sofrida, mas o tempo era bom.

O Rio Pajeú corria solto estava cheio de alegria, nós ouvíamos a zoada da correnteza, com as pessoas pegando água, enchendo as suas vasilhas. Os Jumentos carregavam água nas cangalhas em ancoretas, e as lavadeiras chegavam com as roupas nas bacias.

Nós éramos adolescentes, eu nem sequer imaginava que um dia acabaria indo embora pra São Paulo. Damião morava na Rua da Favela, Galo Cego no Alto do Urubu, (hoje Alto da Conceição) e Cuequinha morava atrás da Igreja da Penha. Eu morava na Rua Bernardino Coelho, não me lembro onde morava o jogador Gilson Pereira, que à pouco tinha chegado lá de Bernardo Vieira.

Eu e Galo Cego fomos embora pra São Paulo, Galo Cego ficou lá e eu voltei aposentado. Gilson Pereira é vereador, também é advogado. Hoje eu paro pra pensar, dou um mergulho no passado, e vejo tudo mudado. Tanto tempo já passou tanta coisa já mudou, mas eu continuo o mesmo, ainda tenho o mesmo jeito de quando eu fui pra São Paulo. Eu sinto que aprendi com as coisas do passado. Quando eu olho pra essa foto, fico muito emocionado. Estou tomando um banho à seco, só os meus olhos estão molhados.