Por Gootemberg Mangueira, professor de Serra Talhada
O filósofo Polonês do século XIX, Arthur Schopenhaeur, disse que estamos condenados a viver. Analisando profundamente essa declaração, percebi que o nobre filósofo tinha razão. A vida é tão sofrida, tão miserável que sempre tenho a impressão que estamos pagando algum pecado pelo simples fato de estar vivo. “Será que a terra é o inferno de outro planeta?”, como imaginou o escritor inglês Aldous Huxley, autor de “Admirável Mundo Novo”.
Vejam bem: fala-se em liberdade; mas quem realmente é livre, se quando acordamos pela manhã o tripalium (trabalho em latim, que significa lugar de tortura) nos espera e não temos outra opção? Ainda que gostemos muito dele. A rotina é uma imposição terrível. Enfim, é necessário se ter um emprego e bom, se quiser escapar de uma vidinha econômica miserável. E isso já deve ser planejado lá na infância! E quem não tem a sorte de nascer num país sério e no seio de uma família estruturada, a situação se torna mais complicada, o caminho é mais longo.
E a felicidade? Quem a tem, se as nossas vontades e paixões, inerentes à natureza humana nos empurram para uma vida perturbada? Sempre se quer mais e nessa busca o sofrimento nos acompanha. A rejeição a nossa realidade cria um vácuo que nos controla, nos fazendo infelizes.
Nunca estamos satisfeitos com o que temos. E quando adquirimos o objeto de desejo, ele não será mais desejado e aí vem um novo desejo e assim vamos vivendo nessa pendenga desgraçada. E com isso, deixamos, às vezes, a felicidade escapar de nossas vidas, pelo simples fato de não entendermos a sua sutileza. “Ela é tão simples que acabamos por não reconhecê-la”, assim disse Mário Quintana
Temos uma constituição física, mental e emocional fraca. Adoecemos com frequência, estamos sempre na linha tênue da loucura e da lucidez por causa dos sofrimentos, das angústias que nos cercam a todo instante. Não aprendemos a conviver com a ideia da morte e não sabemos ainda quem somos, o que queremos e qual o caminho a seguir até que chegue a eternidade! Muitos não “seguram a onda” e como diz o filósofo Pondé, se transformam em religiosos na busca por respostas para essas questões.
Thomas Hobbes, filósofo do século XVII, nos disse que a vida do homem é solitária, brutal e pobre! Ao contrário de Rousseau, ele sempre foi um pessimista com relação ao comportamento do ser humano, quando diz que o homem é lobo do próprio homem. Deduz-se, então, que boa parte do sofrimento que ele (o homem) passa em sua vida, é fruto da sua forma ambiciosa e gananciosa de viver.
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