Publicado às 12h56 deste domingo (26)

A foto em destaque é da família do imortal poeta e compositor Zé Marcolino. Na imagem, o autor de “Saudade Imprudente” aparece ao lado da família, em 1976. O poeta Zé Marcolino nasceu em Sumé – PB, mais precisamente no Sítio Várzea Paraíba. Viveu em Serra Talhada durante boa parte da sua vida, criando aqui laços de amizade e cultivando admiração de centenas de serra-talhadenses.

José Marcolino morreu precocemente, em 20 de setembro, após sofrer um acidente automobilístico, na PE-320, na cidade de Carnaíba. Por ironia do destino, Zé Dantas, outro grande parceiro de Luiz Gonzaga. Após a morte de José Marcolino, a Fundação Casa da Cultura de Serra Talhada, em parceria com o Padre Assis Rocha, realizaram a Missa do Poeta.

A primeira edição foi realizada em 1988, e contou com participação do Rei do Baião, infelizmente, as imagens em vídeo desse evento histórico e gravados com o dinheiro público, têm até o presente momento seu destino desconhecido. O certo é que a missa do poeta foi a realizada em Serra Talhada até 1990. Posteriormente, por iniciativa do Padre Assis, a celebração passou a ser realizada na cidade Tabira.

Marcolino era inspirado na paixão pelo Nordeste, suas músicas falavam do cotidiano e dos sentimentos do povo sertanejo. Era um homem que valorizava as tradições nordestinas, sendo muito ligado aos cantadores e às prosas sertanejas, que foram profundamente importantes em sua vivência como homem de origem humilde.

Ganhou projeção nacional após ter algumas de suas músicas gravador por Luiz Gonzaga. O encontro se deu após escrever várias cartas ao Rei do Baião, todas sem nenhuma respostas. Sabendo que Luiz Gonzaga estava em sua cidade, hospedado no Grande Hotel, em Sumé (PB). José Marcolino não se conteve, sabendo que aquele momento poderia ser a grande oportunidade para apresentar suas músicas a Luiz Gonzaga, e foi à sua procura.

Durante o primeiro contato, Marcolino foi tratado com certo desinteresse por Gonzaga, mas ele não perdeu a oportunidade de cara interrogou sobre o recebimento de suas cartas. O encontro não durou muito tempo, e o compositor foi embora desanimado com o desenrolar da conversa.

Decorrente de sua persistência, José Marcolino conseguiu com que Gonzaga lhe escutasse. Após a sua apresentação, Luiz Gonzaga perguntou ao compositor quantas canções iria lhe dar. Respondendo, José Marcolino disse: umas três.

Por fim, recebeu um abraço de Luiz Gonzaga, que convidou o novo parceiro para ir com ele para o Rio de Janeiro, dando início a uma importante parceria que originou várias canções de grande sucesso na carreira de Luiz Gonzaga.

Algumas da músicas feitas por José Marcolino e gravadas em parceira com Luiz Gonzaga:

Cacimba Nova, toada (José Marcolino) (1964)
Numa Sala De Reboco, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1964)
Cantiga do Vem-Vem, baião (José Marcolino/Panta)(1964)
Fogo sem Fuzil, polquinha (Luiz Gonzaga/José Marcolino)(1965)
Quero Chá, polquinha (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1965)
Sertão de aço, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Serrote Agudo, toada-baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Pássaro Carão, baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
Matuto Aperriado, baião (José Marcolino/Luiz Gonzaga)(1962)
A Dança de Nicodemos, xote (José Marcolino/Luiz Gonzaga) (1962)

Saudade Imprudente (Zé Marcolino)

Oh que saudade imprudente
No meu peito martelando
Quando estou só me lembrando
Da minha vida na roça

Quando alegre um rouxinol
Cantava pelo arrebol
Quando centelhas de sol
Penetravam na palhoça

Minha casa era de arrasto
Frente virada pro norte
Pra ser feliz, pra dar sorte
Pra não se dá coisa ruim

Parece aquilo eu tá vendo
Pela lembrança, doendo
E a saudade trazendo
Tudo pra perto de mim

Conversa sem protocolo
De fácil vocabulário
Sem precisar calendário
Eu fazia anotação

Na minha imaginação
Eu achava tão comum
Contar mês de trinta e um
Na palma da minha mão.