Publicado às 04h30 desta segunda-feira (10)

Por Jorge Apolônio, colunista do Farol, policial federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

O governador eleito do estado de São Paulo, João Dória, quando prefeito da cidade de São Paulo, depois de muito esforço, obteve da câmara de vereadores daquela capital autorização para passar para a iniciativa privada o estádio municipal de futebol Pacaembu. Por quê? Porque custa caro mantê-lo e ele dá prejuízo. Inteligente que é, o então prefeito entendeu o óbvio: o município não tem time público de futebol, então, não se justifica ter um estádio. Isso é para quem tem time. E olha que muitos times nem têm. Veja também que estamos falando de uma das cidades mais ricas do mundo e a mais rica do país.

Sérgio Cabral, quando governador do Estado do Rio de Janeiro, passou a gestão do Maracanã para a Odebrecht pelos mesmos motivos. É claro que ele também aproveitou a oportunidade para levar o seu.  A Odebrecht tem tomado prejuízo com o estádio todo mês, quer devolver o bagulho, entrou na justiça para obrigar o aceite, e o governo recorreu para não receber. Veja que é o Maracanã, um dos estádios mais importantes do mundo.

Paulo Câmara, fez um (até hoje investigado) conluio com a Odebrecht para que a empresa gerisse a Arena Pernambuco, construída para a Copa do Mundo de 2014, mas, como o estado pernambucano só ficava com os prejuízos na gestão, o governo tomou o estádio de volta (o que a Odebrecht adorou) e está procurando quem o queira, só que ninguém quer essa bucha. Para agravar o problema, os três grandes times do estado têm seus próprios estádios. E assim o contribuinte pernambucano vai pagando milhões de prejuízo causado pelo estádio todo ano.

Embora sejam inúmeros os casos, estes três exemplos são suficientes para comprovar uma realidade flagrante: possuir estádio de futebol não é bom negócio para entes públicos no Brasil, apesar de ser “o país do futebol”.

A deterioração e a agonia do nosso estádio O Pereirão só corroboram, confirmam localmente esta triste realidade estadual e nacional. Exatamente por tudo isso, não há por que o município mantê-lo como sua propriedade. Esta Coluna, em post antigo, já havia sugerido sua venda juntamente com outros imóveis municipais, entre eles a própria sede atual da prefeitura, para com o montante construir-se uma sede moderna e ampla que possa encampar o máximo possível de secretarias — de preferência, todas. Assim, seria melhorada a gestão municipal como também o atendimento ao público, além de economizar-se significativamente com aluguel. O problema é convencer a sociedade e a câmara disso, embora óbvio, e, mais ainda, encontrar quem queira e possa comprar. Talvez consiga vender se fizer um condomínio fechado. É uma ideia.