A fuga de Francisco; escravizado que lutou por liberdade em ST

Publicado às 17h35 deste domingo (20)

No Dia da Consciência Negra, a coluna “Viagem ao Passado”, resgata a história de Francisco, um escravo negro, que pertencia ao vigário de Serra Talhada – nem a Igreja Católica perdoava os negros – e exercia a profissão de sapateiro. Francisco não tinha sobrenome, por que isso era algo que só pertencia aos descendentes de portugueses e de outros países europeu, assim como das famílias ricas. Francisco fugiu em busca de liberdade, em busca de uma nova vida, sem escravidão, sem violência e sem miséria. Francisco estava sendo procurado como bandido por policiais da província de Pernambuco e por capitães do mato como se fosse um bandido, como se tivesse cometido um crime. A sua prisão seria recompensada com uma recompensa.

A fuga de Francisco; escravizado que lutou por liberdade em ST

O caso de Francisco, assim como de tantos outros escravos que viveram em Serra Talhada, e que construíram famílias, deixando assim dezenas e centenas de descendentes, mostra como a história dos escravos em nosso município.  Mostra que muitas mentiras e factóides são contado para a verdadeira história de violência e escravidão seja esquecida e jogada para debaixo do tapete. Você amigo leitor pode quem sabe ser descendente do negro Francisco, negro Antonio, da negra Branda, mas infelizmente talvez nunca saiba as suas verdadeiras origens, talvez por que lhes falte um sobrenome, uma grande heranças ou simples relatos históricos. O caso de Francisco foi destaque no jornal do Diário de Pernambuco, durante mais de um mês, sem que Francisco tenha sido capturado e preso. Nessa data tão emblemática sugerimos a leitura de um dos anúncios publicados no jornal recife em 1863.

LEIA ABAIXO O REGISTRO HISTÓRICO

“Fugio homtem de 22 de janeiro as 8 horas da noite o cabra Francisco, de 23 anos, natural de Villa Bella desta província, é cheio de corpo, altura regular, tem bigode e barba no queixo e bexigoso, gosta pouco de fallar, levou roupas de seu uso em um lenço de seda de côr, contando uma rede branca, um chapéo de Chyli novo, outro de maça usado, uma calça de casemira escura, duas de brins escuras e brancas, duas camisas de chita roxa, uma branca com peito de cor e algumas meias brancas, trabalha no officio de sapateiro, foi escravo do vigário de Serra Talhada: roga-se partindo as autoridades policiais e capitães de campo a apprehenção deste cabra e quem o apprehender pode leva-lo a Villa Bella ao Sr. Pedro Antonio de Andrade e  o Sr. Luiz Antonio de Andrade aqui em Recife, Sr. Antônio Gonçalves de Azevedo na rua do Livramento n.22 loja, que em qualquer destes lugares que o entregue será generosamente recompensado”(Diário de Pernambuco, dia 27 de janeiro de 1863).

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